Sempre houve
pessoas que se acharam inteligentes e originais por afirmarem que preferem os
animais às pessoas.
Lá por as
frases do tipo “quanto mais conheço as pessoas mais gosto do meu cachorro”
terem origem em pessoas inteligentes, isso não melhora automaticamente o Q.I.
dos génios do copy/paste ideológico.
Porém, desde
que mergulhámos nesta enorme crise, e com a ajuda potenciadora das redes
sociais, coisas do género leem-se a cada passo.
A mim, fazem-me
logo tocar campainhas no cérebro.
Entendo,
sempre entendi, os animais como nossos companheiros de “casa”; com eles
partilhamos um planeta que a todos acolhe e, provavelmente, uns não teriam
sentido sem os outros, ou tudo isto seria muito diferente.
É também
certo que muitos animais de estimação conseguem elevadíssimos, e até
comovedores, graus de relacionamento afectivo com os seus donos.
Dou, também,
de barato, que muitos deles poderão mesmo ser o mais fiel amigo, mas nunca o melhor
amigo.
Esse, o
melhor amigo, é o que dá resposta, contrapõe, mima, mas também se enfurece e
diz o que não queremos ouvir.
O animal de
estimação lambe-nos as mãos, mesmo que sujas; não critica, não incita, não
vocifera, não nos abraça.
Dizer
que se prefere os animais às pessoas parece-me desde logo uma insuportável
arrogância moral, um inequívoco sinal do sentimento de superioridade
em relação aos outros.
Desconfio
disso, desconfio sempre.
De uma coisa
tenho a certeza − nunca deixarei de preferir os humanos, mesmo que alguns, de entre
eles, sejam verdadeiras bestas.
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