terça-feira, outubro 15, 2013

Vivam as pessoas


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sempre houve pessoas que se acharam inteligentes e originais por afirmarem que preferem os animais às pessoas.
Lá por as frases do tipo “quanto mais conheço as pessoas mais gosto do meu cachorro” terem origem em pessoas inteligentes, isso não melhora automaticamente o Q.I. dos génios do copy/paste ideológico.
 
Porém, desde que mergulhámos nesta enorme crise, e com a ajuda potenciadora das redes sociais, coisas do género leem-se a cada passo.
A mim, fazem-me logo tocar campainhas no cérebro.
 
Entendo, sempre entendi, os animais como nossos companheiros de “casa”; com eles partilhamos um planeta que a todos acolhe e, provavelmente, uns não teriam sentido sem os outros, ou tudo isto seria muito diferente.
 
É também certo que muitos animais de estimação conseguem elevadíssimos, e até comovedores, graus de relacionamento afectivo com os seus donos.
 
Dou, também, de barato, que muitos deles poderão mesmo ser o mais fiel amigo, mas nunca o melhor amigo.
Esse, o melhor amigo, é o que dá resposta, contrapõe, mima, mas também se enfurece e diz o que não queremos ouvir.
O animal de estimação lambe-nos as mãos, mesmo que sujas; não critica, não incita, não vocifera, não nos abraça.
 
Dizer que se prefere os animais às pessoas parece-me desde logo uma insuportável arrogância moral, um inequívoco sinal do sentimento de superioridade em relação aos outros.
Desconfio disso, desconfio sempre.
 
De uma coisa tenho a certeza − nunca deixarei de preferir os humanos, mesmo que alguns, de entre eles, sejam verdadeiras bestas.
 
 

 


 

Sem comentários:

Enviar um comentário