“A Grécia está no
olho do furacão da crise das dívidas soberanas mas um problema numa vista afastou o PM da
cimeira”.
Apeteceu-me logo perguntar ao jornalista João Dias, que
assina o artigo, como vai de vistas.
É melhor a da sala ou a do quarto? E o serviço de pratos é Vista Alegre? E que me diz dos de vistas curtas que por aí andam? E dos que fazem vista grossa? E dos que só pensam em
fazer vista?
Bem vistas as
coisas, o jornalista não deu nenhum pontapé na língua, limitou-se a usar o
termo popular, mas fez-me lembrar a tia Ermelinda lá da aldeia, sempre a
lacrimejar por causa dum problema numa “vista”.
Ela diz sempre assim, talvez porque tenha medo que a palavra
olho ofenda, e todos sabemos porquê;
acontece que ela nunca foi à escola e por isso não sabe que não há confusão
possível – “aquele”, o tal que a faz temer a confusão e a ofensa, tem outro
nome, e o órgão da visão, o que tem retina, chama-se OLHO.
Era desse que padecia o PM grego.
Ora, um jornalista do Expresso não deve escrever como fala a
tia Ermelinda, acho eu, é o meu ponto de vista.
E será que o Expresso
já não tem revisor, ou ele é dos que só dá uma vista de olhos? Ou terá vista
cansada?
Eu gosto muito da tia Ermelinda mas, quando leio o jornal,
caramba, gostava mesmo que chamassem olho ao OLHO.
Até à vista.