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15 de maio de 2022

Leitura


 

É diário, é memória, é ficção, é procura, introspecção?

Tudo isso feito numa escrita cativante, moderna e feminista.

O caminho das mulheres, cheio de dores e perdas, nunca é fácil, mas nele pode haver felicidade e, sobretudo, liberdade.

17 de outubro de 2021

3 Livros

 


Três magníficos.
Natalia Ginzburg fala-nos da sua família, integrada no tempo que vai correndo em Itália e no mundo. Com ela percebemos o que já sabíamos sem saber que sabíamos, isto é, que todas as famílias têm o seu linguajar próprio, o seu léxico familiar. Foi contemporânea de Pavese com quem trabalhou na célebre editora Einaudi e dele, a certa altura do livro, e a propósito da sua vida e do seu suicídio, traça um belo e lúcido perfil.
Sobre os outros dois livros, ocorre-me dizer que se pode escrever sobre a dureza da vida com gentileza e sensibilidade (Pavese), ou pode-se agarrar nos cabelos do leitor e atirá-lo contra a parede (Toni Morrison).
Da leitura de todos se sai mais vivo.

27 de outubro de 2014

Dormir com Poe












 
 
 
 
 
“Certa noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e uma perversidade mais do que diabólica, causada pela genebra, fez vibrar todas as fibras de meu ser. Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos!”

Este é um pequeno excerto do conto “O Gato Preto” de Edgar Allan Poe que retirei daqui.

Lembrei-me dele, e doutros, quando no sábado li, na Revista do Expresso, uma entrevista com a filha mais velha de Paula Rego, Caroline Willing, em que ela afirma:

“A minha mãe lia-me livros de Edgar Allan Poe como histórias para dormir”.

Foi assim que, no meio duma inofensiva leitura de fim-de-semana, e subitamente, um frémito de horror e pasmo me percorreu o ser.

E interroguei-me:
 
Alguma vez te lembraste, Maria de Jesus, de pôr os putos a dormir com as histórias do velho Poe?
Nunca, nunquinha!
Porcaria de mãe que me saíste!

16 de setembro de 2011

Nós por cá, todos na mesma (ou quase)

Neste post do seu blogue A Terceira Noite Rui Bebiano analisa um estudo recente sobre o crescente interesse dos jovens portugueses pela leitura. Desconfia do dito estudo, e eu com ele, mas permito-me discordar, quando pergunta o que acontecerá nas outras áreas de estudo se na das letras (que conhece melhor) se lê tão pouco; pela minha experiência pessoal de contacto com jovens, posso garantir que os das áreas científicas são mais interessados, curiosos, lêem mais e fazem perguntas mais pertinentes.
Logo de seguida li a notícia do Expresso online com o título Plágio alastra nas universidades portuguesas em que se diz que 70% dos universitários portugueses confessam já ter copiado.
O que há de comum nesta notícia do Expresso e no post de Rui Bebiano ? Nada e quase tudo.
Se é certo que se lê pouco agora, também o era no tempo em que Rui Bebiano e eu própria éramos estudantes – a maioria não punha o olho num livro a menos que a isso fosse obrigada. Havia excepções, havia até grandes leitores, tal como hoje.
No mesmo tempo passado também se copiava, por vezes com muita arte e imaginação, tal como se copia hoje.
Contudo, com 100% de jovens no ensino obrigatório e quase 400 000 no ensino superior (e com o esforço financeiro que fazemos para que tal aconteça), seria de esperar uma muito mais profunda transformação dos comportamentos no que respeita à leitura e à busca de conhecimento.
Quanto ao copianço, é do domínio da ética e essa, como se sabe, já há muito tempo que saiu da generalidade da sociedade portuguesa viajando para parte incerta. Duvido mesmo que volte.
Assim sendo, e foi aí que encontrei afinidades entre o post e a notícia, podemos concluir que, pesar das inúmeras melhorias, a nossa evolução em muitos domínios é mínima, ou seja, nós por cá estamos na mesma (ou quase). A diferença é apenas de escala.