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segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Os anjinhos do ISCTE

Curto e grosso, obviamente que estou em profundo desacordo com os comentadores oficiais e oficiosos que se indignaram por “os alunos do ISCTE não deixarem falar o Relvas”. Dizem eles que foi um atentado à liberdade de expressão, à democracia, um perigo e um erro lamentável. Juntaram-se, neste coro horrorizado, uma parte do PS, comentadores dos jornais “de referência” que, ora lamentam a mansidão do povo ora se assustam se esse povo faz algo que não conseguiram prever, e ainda comentadores avulsos das redes sociais com sólida formação em democracia formal.

A coisa está a escapar ao controle dos poderes instituídos, entre os quais se incluem os meios de comunicação social, e isso incomoda-os, perturba-os e assusta-os.

Por isso, todos à uma acorreram a criticar a falta de democracia dos alunos do ISCTE. Imagine-se o que diriam se estes se tivessem lembrado de imitar os alunos da Sorbonne em Maio de 1968, deixando falar o “traidor” Relvas mas só depois de terem fechado a escola, levantado a calçada para ver se por baixo estava a praia (sous les pavés, la plage, pois claro), e de terem feito com ela uma bela intifada.

Nada disso aconteceu. Comparativamente os alunos do ISCTE são uns anjinhos, mas os poderes estão assustados na mesma; é que já perceberam que a massa mansa que os atura está farta do governo em geral e do Relvas em particular, dos sindicatos, de todos os partidos, das opiniões do Ricardo Costa ou dos ódios de estimação do Miguel Sousa Tavares que, se pudesse, mandava fechar as redes sociais, dando assim um grande contributo para a democracia.

E não é que essa massa que os atura agora lhe deu para começar a “grandolar”, coisa totalmente imprevista?
Estão preocupados, é claro que estão preocupados.


quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Obviamente, demitiu-se

Desde que o actual governo tomou posse, já perdi a conta ao número de casos em que foi pedida, com ou sem sentido, a demissão de alguém − da Jonet ao Ulrich, da “alegre” Glória ao Franquelim, sem nunca esquecer o inenarrável Relvas.

Banalizámos os pedidos de demissão, pedem-se muitas vezes, pedem-se vezes de mais, talvez porque toda a gente sabe que não serão atendidos por parte dos visados.

O poder está absolutamente seguro de que os cães (nós) ladram e a caravana (eles) passa, e assim permaneceremos entretidos, uns a ladrar e outros a passar.

Sabemos que não é assim em democracias sólidas, “velhas” e com opiniões públicas fortes e mais ou menos esclarecidas.

Prova disso é esta notícia do ex-ministro e actual deputado inglês, que foi obrigado a demitir-se por conduzir em excesso de velocidade. É claro que a totalidade da história também mete sexo e mentiras, mas Chris Huhne declarou que a sua renúncia ao Parlamento era a única atitude adequada a tomar após a condenação pela infração.

Por esse mundo fora, as pessoas não são melhores que nós, prevaricam como nós, mas demitem-se quando são apanhadas.
A diferença não é pequena, quer na qualidade da democracia, quer na do ar que se respira.