“Quantas vezes contamos a história da nossa vida?
Quantas vezes adaptamos, embelezamos, fazemos cortes matreiros? E, quanto mais a vida avança, menos são os que à nossa volta desafiam o nosso relato, para nos lembrar que a nossa vida não é a nossa vida, é só a história que contámos sobre a nossa vida. Que contámos aos outros mas – principalmente – a nós próprios”
“O Sentido do Fim”
Julian BarnesEd. Quetzal
pag. 100
Ao saber que “O Sentido do Fim”
de Julian Barnes ganhou o Man Booker Prize 2011, não se estranha, mesmo não
conhecendo a concorrência.
Através da história de vida de
Tony Webster, Julian Barnes coloca-nos perante questões essenciais - como
construímos as nossas memórias, qual o seu grau de veracidade, o que nos
escapou, o que não quisemos saber, o que preferimos esquecer, o que presumimos,
como escolhemos viver a nossa vida, onde nos perdemos daquilo que eramos na
juventude, o que manipulámos?
Servidas por uma escrita
prodigiosa, estas 152 páginas lêem-se dum rufo, ainda que nelas haja muito para
meditar e muitos parágrafos para reler.
Grande literatura, sim.