Há na nossa vida um período, quase um hiato temporal, com o seu quê de estranho mas muito saboroso.
Quem tiver a sorte de lá chegar, viverá o tempo em que os
filhos são adultos e independentes, mas ainda são jovens; esse jovens, por sua
vez, olham para nós e, mais por actos do que por palavras, dizem-nos – tu ainda
és jovem.
Por isso fomos, juntos, para aquilo que, seja qual for a
forma assumida, pode unir e conciliar até o que parece de todo inconciliável –
a música.
Neste caso era, especificamente, o rock já património de pelo menos duas
gerações, o rock de Bruce Springsteen - trabalhador forte e incansável, amigo e
companheiro de dias de glória ou queda, verdadeira força da natureza.
Cantar em coro, assobiar, beber uma cerveja, comer uma
fartura, dançar, bater o pé, sincronizar o corpo ou levantar o punho num grito,
de tudo isso se faz um concerto.
Dizem que estavam oitenta mil; eu digo que éramos oitenta
mil e seis.
Nós éramos seis e, por todos os lados, cercavam-nos, para aí,
uns oitenta mil.
Glory night.