As gerações que nos precederam eram fecundas em aforismos. Estes constituíam, no seu entender, verdades incontestáveis que lhes serviam para rematar, ou melhor dizendo, matar, as conversas em que nos mostrávamos mais “respondões”.
Certo é que eles me entraram no ouvido e muitas vezes me vêm à memória, embora hoje não sirvam para nadinha porque há muito tempo que ninguém está disposto a aceitar aforismos seguidos de ponto final.
Contudo, portuguesinha de gema que sou, tendo a descair para o lado do “dos teus dirás mas não ouvirás”Vem de lá Merkel e diz que há túneis a mais na Madeira.
A gente sabe que os túneis foram feitos com dinheiro dos fundos estruturais, todos aprovados em Bruxelas, e por isso ela não pode pôr o corpinho todo de fora.Mas, no fundo, e se virmos bem as coisas, a mulher até tem razão, só que aquilo dito por ela chateia-me, pá.
Depois vem um tal Schulz dizer que nos andamos a meter demais com más companhias – para ele Angola, para mim, China e Angola.
Ora, ele sabe que para pagar o que lhe devemos e mais os juros usurários que nos exigiram, vamos ter que vender as joias a quem der mais.Quer receber o dinheirinho? O melhor é deixar- se de moralismos e nem perguntar por onde andámos para o arranjar.
Mas, no fundo, e se virmos bem as coisas, o homem até tem razão, só que aquilo dito por ele chateia-me, pá.
É óbvio que o velho “dos teus dirás mas não ouvirás” foi coisa que me ficou, o que, em boa verdade, também me chateia um bocado.