Um jovem de 24 anos morre no Porto durante um assalto aos dinheiros da Queima das Fitas.
Atirar a matar por um punhado de euros.
A academia, estarrecida, disse “pára
o baile”?
Não, a academia não se estarreceu e
disse “siga o baile”.
Marques Mendes, comentador político e conselheiro
de estado nas horas vagas, em directo na TV, calça os seus sapatos altos da torpeza
e anuncia, em primeiríssima mão, um próximo Conselho de Estado que o gajo que
sustentamos lá em Belém parece que vai convocar.
Haverá nestes factos alguma coisa de
anormal?
Para mim, tudo. Para os responsáveis,
nada.
Oiço, vejo,
e uma estranheza se me instalada como se eu já não fosse daqui.
Depois
percebo: pertenço à praga grisalha que não só não se despacha a morrer como,
ainda por cima, insiste na burrice de não querer perceber que a vida muda, ora
essa, e tudo é relativo, pois claro.