Pertenço ao
grupo dos que acham que, por mais profunda que seja a crise, e por mais negro
que seja o tempo que vivemos, não devemos desistir de dar uma boa gargalhada, de gozar
o sol numa esplanada, de estar com os amigos, de gritar golo, de saborear um
pastel de Belém, nem de tantos outros pequenos nadas de que se faz a vida.
Da mesma
maneira, no campo legislativo, nem só do Orçamento de Estado vive o Parlamento.
Porém, ó
meus amigos, estes parlamentares ofendem-me com a sua escandalosa falta de
sentido de oportunidade.
Li ontem que, depois da Cristas querer decidir quantos cães e gatos cada português
poderia ter, vem agora o PS, que mais aprece um espectro, coitado, a querer
legislar sobre o castigo que os portugueses merecem se maltratarem animais.
Para ambos
os casos o país tem legislação, que tem servido, desde os anos de 1990, mas
parece que, agora que isto está calmo e
o país está sem problemas, os partidos “do arco da Governação” decidiram
apurar legislativamente as questões do reino animal quantificando tudo.
Por acaso
também li a notícia do lado, que também quantificava, e que dizia que um em cada quatro portugueses está em risco
de pobreza − 25%, ou seja, 2700000 (dois milhões e setecentos mil).
Nada era
referido sobre legislação a apresentar para resolver este problema ou punir quem
maltrata as pessoas.
Pensava que
não, mas há dias em que estas cavalgaduras ainda me conseguem indignar.