Há frases que
me escandalizam de tal forma que nem num puto de 19 anos as tolero.
No Expresso de sábado passado, José Gusmão
Rodrigues, estudante de filosofia com 19 anos de idade e alguns prémios ganhos
na sua área, afirma peremptório:
“Acho uma loucura pessoas talentosas ficarem
em Portugal”.
Ora, tendo
eu chegado à idade de começar a passar o testemunho, de ser rendida pelos mais
novos, é com perplexidade que vejo alguns tão individualistas, arrogantes e
armados em finos como o autor da tirada – putos que se colocam num pedestal
onde lhes devem ser servidas todas as condições para desenvolverem os seus
superiores talentos.
Diz a
criaturinha: “Lá fora há melhores condições”. Sem dúvida, mas convinha que
alguém lhe dissesse que foi cá dentro que criámos as condições, todos juntos,
para ele ser o que é, e talvez fosse bom que, chegada a sua vez, ele ajudasse a
criar aqui condições ainda melhores para os seus próprios descendentes.
Tendo-lhe
sido perguntado se haverá “bilhete de volta” responde, muito dono do seu nariz:
“Talvez regresse, talvez não. Depende de
como estiver o país nessa altura.”
Ou seja: Se
os sem-talento fizerem alguma coisa desta piolheira, talvez ele, pessoa
talentosa, volte. Caso contrário, nada feito.
Mais um que
nasceu para ser servido pela pátria.