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terça-feira, janeiro 29, 2013

De intelectual a bem-pensante


Tempos houve em que os intelectuais eram interventivos em termos políticos e sociais, sendo não apenas respeitados mas considerados elementos fundamentais duma sociedade livre, progressiva e culta.

Nas últimas décadas, o paradigma mudou, e os intelectuais foram-se, aos poucos, resguardando nos seus gabinetes de universidade, a ponto de quase não darmos por eles no nosso quotidiano.

Simultaneamente, a cultura rasca da mediocridade foi invadindo toda a sociedade, qual selva tropical depois do aguaceiro.

Chegámos então ao ponto de os intelectuais passarem a ser apelidados de “bem-pensantes”, com o todo o desdém invejoso e alarve que o termo comporta.

Do que tenho conseguido perceber, os “bem-pensantes” são um grupo altamente minoritário, que se dedica sobretudo às diversas áreas culturais; sobre elas aprofundaram estudos e reflexões, capazes de lhes permitirem um olhar crítico que lhes advém da capacidade de interligarem conhecimentos.

É natural que estas pessoas tenham gostos diferentes das chamadas “massas”, mas é prudente que não os expressem, sob pena de verem agrafado no seu traseiro o rótulo de “bem-pensante”, ou seja, extravagante, convencido, snobe e, em última análise, perigoso.

É assim que é visto o intelectual no terceiro milénio; não admira que fuja – a sanha das massas embrutecidas assusta mesmo.

Felizmente para eles, as massas andam entretidas a colocar nos tops de vendas todas as possíveis sombras da Grey bem como o vibrante “Basta” de Camilo Lourenço; por isso nem repararam na notícia - “Grupo de intelectuais pede união para evitar morte da Europa”, entre os quais se inclui o escritor português António Lobo Antunes, e poucos dão pela falta da coluna de António Guerreiro no Expresso.

Afinal, são apenas “bem-pensantes”. Pfff.