Não conheço nenhum chefe de Estado a quem tal coisa tenha sido imposta, ou que a tal estivesse disposto.
Valerá a pena ter uma monarquia cujo rei é tratado como um
menor de idade que tem de suportar uma obstinada vigilância paterna por
sucessivos actos de mau comportamento?
É certo que o Juan não é nenhum santo, tem lá os seus
devaneios, os seus gostos secretos que a moral vigente não tolera, mas, no
conjunto, não creio que seja pior que os outros políticos – mente, finge, é
hipócrita, como todos.
Porém, sendo rei, parece que tem menos perdão e vai ser
obrigado a deixar escrutinar toda a sua vida privada.
Há nesta decisão um travo amargo a castigo e humilhação. Se
os espanhóis não querem mais a monarquia, deviam ter a coragem de se desfazer
dela porque, mesmo não se apercebendo disso, ao humilhar o rei, e assumindo o
papel de seu guarda prisional, é a si próprios que humilham e prendem.
Ao menos cá nesta republica(zinha) ao fim de cinco anos
podemos dar um chuto no Cavaco e ficamo-nos nas tintas se caça elefantes ou
baratas.