Gosto da
diversidade, mas detesto os que têm que ser sempre diferentes.
Gosto da
crítica, mas detesto que ela me apareça (mal) embrulhada em pensamento
filosófico.
Gosto de
alguma ambição, mas detesto ambiciosos que gostam tanto de subir como de puxar
tudo o resto para baixo.
Hoje, o
“cante” alentejano foi classificado (e não “elevado”, como dizem os ignorantes)
como património imaterial da humanidade.
Eu
alegrei-me, sou alentejana, mas também me alegrei quando foi a vez do Douro, ou
de Sintra, ou de Angra e, sobretudo, de Évora.
Neste tempo
tão desclassificado que vivemos, como escreveu o Daniel Oliveira, “continua a
ser a cultura, essa inutilidade, a dar-nos quase todas as boas noticias”.
Classificar
(pela Unesco) ajuda a divulgar, preservar, manter vivo.
E não é que,
no entrementes, encontrei um intelectual que tem dificuldade em compreender
isto, e que se perturba tentando entender o entusiasmo geral?
Ora bolas
pr’ó intelectual!
Todos estão
no seu direito de ficarem indiferentes, ou até de estarem contra, mas vir, num
dia como o de hoje, questionar o unanimismo da alegria do povoléu, é de quem
precisa, à força toda, de se pôr em bicos de pés.
Dizem que o
país precisa de todos. Talvez, mas a mim chateiam-me, pá!