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segunda-feira, dezembro 09, 2013

Voto sim, voto não











 
 
Parece que, em 1987, na ONU, Portugal votou sim e não à libertação de Mandela, tudo no mesmo dia.
Singularidades da política à portuguesa.

Na sexta-feira passada, o povo de esquerda (eu incluída) afadigou-se nas redes sociais a dar pancada no Cavaco, porque era ele o primeiro-ministro quando Portugal votou contra Mandela, ao lado de Reagan e da Thatcher.
Alguém se lembrou desta efeméride de há 26 anos e pô-la em circulação.

Foi tal o sururu que Cavaco teve que vir justificar-se.
Argumentou o homem que apoiar a luta de libertação com recurso a armas, isso é que não podia ser!, como se as colónias portuguesas tivessem alcançado a independência com cravos na botoeira, digo eu.

Contudo, sobre o assunto, a coisa mais extraordinária que li vinha no Expresso, e dizia: “os votos de Portugal na ONU nunca passam pelo gabinete do primeiro-ministro, a responsabilidade é sempre do ministro dos Negócios Estrangeiros, ouvido o director-geral de política” do Ministério.” Quem profere tal afirmação é Martins da Cruz, assessor diplomático de Cavaco à época.

Mas então as decisões sobre as nossas votações na ONU, parte da nossa política externa, ficam-se ao nível do director-geral?
Cavaco quando se justificou nunca disse que não tinha nada que ver com o assunto. Será Martins da Cruz mentiroso ou foi o jornalista que não percebeu peva? Estou confusa com isto, muito confusa.

Mas duma coisa tenho eu a certeza − se alguém quiser pedir desculpa ao Cavaco por acusações injustas, pois que peça; por mim, não farei tal coisa, pelo menos antes que ele me peça desculpa a mim por tudo o que não anda a fazer e mais o que tem andado a fazer.

Além disso, é absolutamente certo que Portugal votou sim, mas também votou não à libertação de Mandela, ao lado dos dois maiores energúmenos políticos da época.

Se se tivesse tirado uma fotografia seria tão memorável como a das Lajes.
Ainda bem que, dessa vez, o fotógrafo não estava lá.
Para vergonha já basta assim.