
Não há link para este texto, mas a blogger Joana Lopes deu-se ao trabalho
de o transcrever aqui e vale a pena ler.
Tudo o que o
autor escreve sobre José Luís Peixoto, entendo eu que é aplicável à escultora
Joana Vasconcelos.
Resumindo algumas
ideias expostas por António Guerreiro, pode dizer-se que dantes o
reconhecimento do escritor (ou artista) fazia-se dentro da instituição
literária (ou artística), isto é, o critério primeiro da consagração era o reconhecimento do escritor (ou artista)
pelos seus pares.
Hoje, pelo
contrário, a consagração destes artistas “faz-se na rua, na esfera pública
mediática”, e “o monopólio da autoridade para dizer quem é escritor (ou
artista, acrescento eu) e quem não é, já não está do lado daquilo a que se
chamou instituição literária, com as suas diversas instâncias; está do lado de
quem vende…”
Apesar de
entender esta assinalável alteração de paradigma, pessoalmente acredito que
para a história das artes ficarão apenas aqueles que forem “reconhecidos pelos
seus pares”, e que o mercado (que, para funcionar bem, precisa de contar e
anunciar quantas camionetas de gente o senhor Covões consegue levar a Queluz
para ver a exposição de Joana Vasconcelos, ou quantas revistas Visão se vão vender enquanto o Peixoto
estraçalha os Lusíadas) é apenas isso
– o mercado, que nada tem que ver com literatura ou arte.
É nisso que
acredito, mas também entendo as mudanças e o ar do tempo.
Só não
entendo por que razão algumas pessoas se encarniçam tanto a adjectivar de
cagança intelectual, ressabiados, “bem pensantes”, invejosos, ciumentos, elitistas,
presunçosos, vaidosos, manientos da superioridade do gosto etc., aqueles que se
limitam a achar que lá por o grande público amar apaixonadamente Peixotos e
Vasconcelos − direito que obviamente lhe assiste, ora essa − o que eles fazem
não deixa de ser uma merda.
Que será que
tanto incomoda essas pessoas?