Ontem à
tarde, na Fundação Gulbenkian, terminava a conferência de dois dias sob o tema “A
Ditadura Portuguesa, porque durou, porque acabou”.
O painel de
oradores era variado, terminando com os três ex-presidentes.
Fui. E as
minhas expectativas não saíram defraudadas porque houve excelentes intervenções
embora, por vezes, os oradores se tenham repetido uns aos outros, o que até não
se estranha dadas as balizas impostas pelo tema.
Porém, pelas
sete da tarde lamentei não ter feito um estágio em Cuba ouvindo os discursos do
Fidel. É que, a essa hora, eu já “papara” quatro horas e meia de discursos (não
houve nunca diálogo com a plateia) e onze oradores. E ainda faltavam Mário
Soares e Jorge Sampaio.
Tenho a
certeza que foi nesse o exacto momento que corpo e mente, em uníssono,
disseram: chega, vai-te embora! E fui, deixando lá, com pena, dois presidentes
por ouvir.
Entre a
assistência estavam muitas caras conhecidas, mas uma havia que queria ser vista
por todos. Uma jornalista recentemente premiada como escritora, e muito
aplaudida pelo seu discurso de aceitação do prémio (inclusive por mim), abria a
plumagem, exibia sorriso de diva em estado de beatitude e não dava conta dos
cabelos − para cá, para lá, numa dança de sedução feminina tão velha como o
tempo.
Decerto toda
a gente a viu, até porque, pela sua idade, destoava um pouco da restante
plateia.
A foto ali
de cima mostra as cabeças que eu podia observar do meu lugar e, ao vê-las,
obrigatoriamente nos comparei àqueles grupos de velhinhos que faziam romagens
ao cemitério a cada 5 de Outubro, e de quem ríamos com juvenil desdém.
Está em
formação acelerada a brigada do reumático que comemorará o 25 de Abril até ao
fim. Integro-a com gosto e, por isso, amanhã lá irei ao Largo do Carmo ouvir o
Vasco Lourenço ou outro qualquer.
É que, para
mim, falar em Capitães de Abril ou MFA ainda me dá frisson.
Ontem, como hoje, ou amanhã.
Bom 25 de Abril. Sempre!