Durante a
semana passada muito se falou no “Manifesto dos 70”, o tal que assume que a
dívida portuguesa, assim, não é pagável.
Acontece que
aqueles 70 portugueses querem pagar a dívida, e por isso defendem que ela tem
de ser reestruturada.
Isto
parece-me elementar, e tem sido prática corrente entre os homens ao longo de
séculos, mas por cá gerou grande reboliço.
Não que
houvesse discussão séria, isso não, que não vale a pena, mas no que toca ao
insulto foi do bom e do melhor.
Partindo do
princípio de que nada de novo será feito, Cavaco Silva já tinha vindo dizer que
a austeridade vai manter-se até 2035, porque só então a dívida pública estará nos
60% do PIB.
Eu não me
assustei nada com isso.
Hoje, o Expresso escreve que Passos faz contas
diferentes e que, com números de crescimento mais modestos, conclui que a
dívida é sustentável, mas que só ficará nos tais 60% do PIB em 2159, isto é, daqui a 145 anos.
Se não me
tinha assustado com a conversa do Cavaco, agora então, confesso que até me
apeteceu dançar.
É que, sendo
assim, há esperança de que o Manoel de Oliveira ainda possa ter o subsídio por
que espera para fazer o seu novo filme e eu, nessa altura, em 2159, acho que
também ainda me abalanço a fazer a tal licenciatura em ciência política, mesmo que
já venha a precisar de mais uns anitos para a terminar.
Afinal, a
vida é bela.