Diz ele a rematar: Porque corremos o risco de passar a
escolher políticos que nos parecem tão perfeitos que só podem ter uma de duas
características: ou não têm vida ou são excelentes mentirosos. Uma e outra são
pouco recomendáveis a quem tem de decidir sobre as nossas vidas concretas.
Por mim, estou de acordo, e até acho que toda a gente deve
ter uma vida que inclua, eventualmente, beber uns copos a mais se lhe apetecer.
No caso em análise, se a senhora fosse viciada em
pornografia ou cocaína eu também não tinha nada com isso, desde que cumprisse
bem a sua função, fosse ela deputada, enfermeira, manicura, advogada ou freira.
Porém, não se trata aqui dum vício privado, mas duma pública
demonstração de desrespeito pela vida dos outros, não admissível num deputado.
Se o Daniel fosse no seu carrinho, ou na passadeira, e
levasse com o carro da moçoila em cima, talvez não achasse graça a uma tal
“vida”, talvez até achasse pouco
recomendável que a deputada Glória decidisse assim sobre a sua vida concreta.
Enquanto continuarmos a ser complacentes com os bêbados ao
volante, e não virmos nisso um grave
desvio moral e cívico, como acontece em muitos países civilizados, haverá
sempre gloriosas Glórias que festejam o seu aniversário indiferentes ao facto
de outros poderem não festejar mais nenhum.
Tem estofo moral para ser deputada, para me representar e
decidir sobre a minha vida?
Na minha perspectiva, ao conduzir embriagada, borrifando-se
para o que me possa acontecer, prova que não. Na do Daniel Oliveira, sim.
Lamento mas, para mim, há casos em que o rabo tem mesmo que
ver com as calças.
Moralista, eu, pelos vistos.