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sexta-feira, março 28, 2014

O problema genético do Livre













Simpatizei, desde o início, com a ideia do partido Livre; até ajudei a arranjar assinaturas para a sua formação. Na verdade, se o Movimento 3D tivesse decidido passar à acção em vez de se recolher sem mais explicações, teria feito exactamente o mesmo.

Esta pulverização da esquerda não me incomoda nada, visto que apenas põe à vista a sempre incómoda verdade – a divisão faz parte do ADN da própria esquerda.
O que me estava a perturbar, e muito, era a ausência de novas formações políticas depois destes 3 anos dum regime de terror.

Acabaram por surgir, mas o Movimento 3D revelou-se uma falsa partida, antes de o ser já o não era, e o Livre, apesar da persistência e empenho demonstrados para a sua criação, parece-me não possuir ele próprio o élan de que necessitaria para convencer uma sociedade profundamente desiludida e fragilizada.

Acresce que o Livre nasceu com um grave problema genético – ser “o partido do Rui Tavares” e, por mais que este o negue e actue em conformidade, os seus adversários políticos não perderão uma oportunidade para lhe chamarem oportunista e afirmarem que criou o partido apenas para continuar a ser deputado europeu.

Neste contexto, Rui Tavares só tinha uma atitude a tomar: autoexcluir-se, desde o início, da candidatura, e optar pela luta política interna.
Não o fez. Estão agora a decorrer as primárias do partido e, como era expectável, Rui Tavares é a pessoa mais votada para a lista de candidatura às eleições europeias.

E ouso o prognóstico: a lista vai formar-se, Tavares vai encabeçá-la, será eleito ou não, mas o Livre não passará dum cadáver adiado.
No estado de raiva, descrença e cinismo em que os portugueses se encontram, só actos inesperados, claramente desprendidos e contra tudo o que é habitual, os poderão acordar, devolver-lhes alguma esperança na política e nos políticos e mobilizá-los, mais que não seja, para votar.

Talvez por ingenuidade, Rui Tavares não percebeu isto.
Certo, certo, é que não teve o “rasgo”, a visão política, ou a vontade necessária para entender que, hoje, a credibilidade, para se ganhar, exige grande dose de sacrifícios.
Vaticino, pois, ainda que com enorme pena que, se o Movimento 3D antes de ser já o não era, o Livre logo depois de ser já o não será.

Mas, oxalá me engane.