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20 de maio de 2022

De Noite Todo o Sangue é Negro

 



Duro, duro, tão duro como um corno, mas tão bom!

..."É cruel, mas nunca sádico, o modo de escrita de Diop. É visceral. É a marca de um grande escritor que sabe o poder da linguagem para deixar na sombra o que é preciso que fique na sombra. “A história escondida tem de estar lá sem lá estar, tem de deixar-se adivinhar como um vestido cingido amarelo cor de açafrão deixa adivinhar as belas formas de uma rapariga. Tem de transparecer”, lê-se nesta história que sai da cabeça de um soldado que, depois de ser considerado um herói, é enviado para a retaguarda porque os colegas, brancos e negros, só conseguem ver nele a morte. Toda a beleza aqui é a da literatura.”

Isabel Lucas 

Nov. 2021, Público


15 de maio de 2022

Leitura


 

É diário, é memória, é ficção, é procura, introspecção?

Tudo isso feito numa escrita cativante, moderna e feminista.

O caminho das mulheres, cheio de dores e perdas, nunca é fácil, mas nele pode haver felicidade e, sobretudo, liberdade.

30 de março de 2022

O Crepúsculo da Democracia

“O som estridente, dissonante, da política moderna;a raiva na televisão por cabo e nos noticiários da noite; o ritmo rápido das redes sociais e os títulos das notícias que entram em conflito uns com os outros quando por ele navegamos; a lentidão, por outro lado, da burocracia e dos tribunais – tudo isto tem enervado aquela parte da população que prefere a unidade e a homogeneidade. A própria democracia tem sido, desde sempre, ruidosa e tumultuosa, mas, quando as suas regras são seguidas, acaba por criar consensos. Os debates actuais, porém, não o fazem. Em vez disso, inspiram algumas pessoas a silenciarem pela força as restantes.”

Anne Applebaum

O Crepúsculo da Democracia

O fracasso da política e o apelo sedutor do autoritarismo


Bertrand Editora


15 de fevereiro de 2022

Shuggie Bain, de Douglas Stuart

 


Shuggie Bain, de Douglas Stuart, foi o vencedor do Booker Prize 2020.

Numa Glasgow fria, húmida e atravessada pela miséria criada pela política económica e social de Margaret Thatcher nos anos 1980 e 1990, por via do encerramento das minas de carvão, assistimos à abjecta degradação da classe trabalhadora.

Este é o cenário da vida duma família desestruturada, centrada numa mulher muito bonita e bem educada, mãe de três filhos de dois casamentos, que se vai afundando no álcool no bairro triste, pobre, e que vive de magras senhas da segurança social.

É a história de amor de um filho “diferente” pela sua mãe, do seu sofrimento infantil, das suas tentativas para a salvar, numa completa inversão de papéis entre cuidador e cuidado.

Shuggie não salva a mãe, mas também não se perde a si próprio.

Verdadeiramente tocante e chocante, um episódio perto do final: Shuggie, agora com 15 anos, parece, finalmente, ter encontrado uma amiga, coisa que nunca tinha tido.

Encontra-se com ela na parte central da cidade onde ela espera encontrar a mãe, alcoólica e prostituta para, na rua, e com a protecção de um casaco, lhe mudar a roupa interior.

Escrita realista, com pequenos desvios temporais, de fácil mas agradável leitura.


30 de novembro de 2021

Herança, o livro

 



Aquilo que, à primeira vista, poderia parecer um livro sobre o incesto, é muito mais do que isso - é um livro sobre os seus efeitos devastadores  na vítima mas também em toda a família, com a elegância de o tema nunca ser abordado explicitamente. Como se isso não bastasse, é ainda um vívido documento sobre a condição das mulheres dependentes dos seus maridos, mesmo em países nórdicos que tendemos a tomar como modelos.

Moderno, delicado, sensível, sofrido mas belo, é este romance da norueguesa Vigdis Hjortk - Herança - prémio da crítica e dos livreiros noruegueses. Foi também nomeado para o National Book Award for Translated Literature nos EUA.

23 de junho de 2014

Hope so!


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
…no fim de tudo ficamos modestos, mas, ao mesmo tempo, mais sofisticados.

Sándor Márai, “A Irmã”

Imagem: Paimio Chair, Alvar Aalto, 1931-32

12 de fevereiro de 2014

Género: terror


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A imagem mostra o mais novo livro do género terror, já à venda numa livraria perto de si.

Melhor pensando, a conjugação da autoria Avilez com o “enredo” Gaspar permite-me acreditar que a boa escrita e a boa história não andarão por ali, pelo que, aquilo talvez seja apenas uma coisa tenebrosa em forma de livro.

Mesmo assim, dá medo.

E para o adensar, a sinopse promete que “finalmente se fica a saber quem é Vítor Gaspar.”
Se assim for, admito que até o medo vá ficar assustado.

14 de outubro de 2013

Hannah














 
 
 
 
 
 
 
Muito se tem escrito ultimamente sobre Hannah Arendt e o filme, agora em exibição, que leva o seu nome.

Nesses escritos, encontra-se quem saiba muito sobre ela, sobre a sua obra e até sobre cinema. Encontra-se também quem escreva apoiado na mais profunda ignorância.

Deixando a sua filosofia para quem a estuda, confesso que há anos que a mulher/filósofa Hannah Arendt desperta também o meu interesse e curiosidade.

A paixão de Hannah Arendt pelo seu professor Martin Heidegger sempre se me afigurou tão poderosa quanto pouco entendível (como, afinal, é próprio de tantas paixões poderosas).

No livro “Hannah Arendt e Martin Heidegger” de Elzbieta Ettinger, encontrei  uma mulher inteligente, jovem judia na Alemanha de Hitler, que se apaixona pelo professor e  homem brilhante, mas de personalidade pouco recomendável, que se serviu dela inúmeras vezes.

Hannah não via isso, ou recusava ver. A sua paixão durou toda a vida.

No filme, numa brevíssima cena, o assunto é aflorado, e Hannah responde, secamente, enquanto puxa mais uma fumaça do seu eterno cigarro, qualquer coisa do tipo – “há coisas maiores que qualquer pessoa”.

Gostei do filme. Gostei da clareza com que o pensamento de Hannah é apresentado, e de confirmar, mais uma vez, que, por mais claro que seja o que dizemos, cada um dos nossos receptores entende sempre, e apenas, aquilo que está, à partida, predisposto para entender.

No filme, apenas me desagradou a cor e o ambiente sempre soturno; há nele momentos verdadeiramente luminosos que mereciam ser fisicamente acompanhados duma outra luz.
Mas isso, são opções estéticas.

Sobre o livro:
Hannah Arendt e Martin Heidegger
Elzbieta Ettinger
Ed: Relógio d’Água, 2009

 

 

 

13 de maio de 2013

Ando só a lembrar-me disto




Não me apetece falar de Paulo Portas.

Mas lembro-me muito deste filme; transposto para hoje, nele teríamos Paulo Portas de smoking entre a assistência, sempre garantindo que o seu coração sangrava com os concorrentes e que os iria defender até à morte – deles, concorrentes, claro.

Filme de 1969, realizado por Sydney Pollack, com Jane Fonda e Michael Sarrazin baseado no livro “Os cavalos também se abatem” de Horace Maccoy

Sinopse do livro “Os cavalos também se abatem” de Horace Maccoy
 
É um clássico do romance negro americano. É uma história cruel que decorre na época da Grande Depressão dos E. U. A. Toda ela à volta de uma maratona de dança em Hollywood, onde os pares se agitam numa competição louca por forma a ganharem um prémio em dinheiro, ou, por vezes, simplesmente para se alimentarem à custa do concurso enquanto puderem.

 Quem não viu devia ver.