Não sou
apreciadora da cabeça sempre fria nem da perene falta de emoção.
Nem mesmo na
política, ou sequer no jornalismo. Talvez por isso não apreciei o artigo de Ana
Sá Lopes no jornal i, sobre o “sebastianismo” à volta de António Costa.
É um desses
momentos de frieza jornalística em que, deliberadamente, apenas se verifica e
comenta o facto, omitindo sempre, e cuidadosamente, as suas causas. É também
uma visão muito gauche e um bocadão complacente.
. Termina
Ana Sá Lopes escrevendo: Convinha que se
discutisse política. Retirando a saudação à herança Sócrates e uma avaliação
mais correcta das origens da crise, Costa não disse nada que ficasse no ouvido.
Mas parece que a sedução chega.
É bem
possível que tenha razão, que Costa não faça muito melhor que Seguro mas, por
mim, que pertenço ao grupo dos que o preferem mesmo posicionando-me muito à sua
esquerda, a escolha é simples:
- Para
começar, escolho entre um boneco de plástico e um ser pensante, ambos com
provas dadas nesse tão singelo quanto relevante aspecto.
- Depois,
escolho entre o prolongar da agonia e a ténue esperança do doente desenganado.- Finalmente, escolho entre a dúvida razoável e a clara convicção, ou seja, tenho dúvidas que, daqui por um ano, Seguro consiga vencer as eleições e estou convicta que António Costa o conseguirá.
Se tal se
verificar, terei de agradecer a António Costa por nunca mais precisar de ver as
trombas de Passos e Portas no papel que têm vindo a desempenhar denodadamente -
o de guardas sádicos desta coutada onde os nossos “irmãos” ricos da Europa se
têm entretido a caçar pequenos animais − nós. E essa não será pequena dívida.
Não quero
vê-los mais, e a quem mos tirar da frente ficarei eternamente grata.
Dado o ponto
a que chegámos, Ana Sá Lopes, ainda nem é preciso discutir política; basta-me
que mude alguma coisa para que possa acreditar que nem tudo vai ficar, para
sempre, na mesma.
Que venha
Costa, pois. Pior não ficaremos porque, nesse aspecto, pior é impossível