Não é uma loja grande, nem tinha muita gente.
Feitas as compras, escolhi, para pagar, a caixa central, que
é a terceira de cinco. Larguei o meu cesto cinzento com rodinhas atrás da
senhora que ia começar a fazer o seu pagamento e fui buscar o meu carrinho de
compras, deixado na entrada a não mais de 7 ou 8 metros. Podia vê-lo, e devo
ter demorado 30 segundos, ou menos.
Quando voltei, o meu cesto já não estava onde o tinha
deixado. Olhei à volta e não o vi, perguntei ao segurança, ali especado como de
costume, se tinha reparado em alguém que levasse o cesto por engano; que não.
As pessoas à volta, ouvindo a conversa, em todas as filas de caixa começaram a
olhar os seus cestos para verificar se não se teriam enganado. Nada.
Esperei um pouco. Que diabo, quem pegou no cesto por engano
rapidamente se havia de dar conta disso. Nada. Resolvi eu própria dar uma vista
de olhos aos cestos dos clientes que estavam nas filas. Nada. Venci a inércia e
percorri todos os corredores do supermercado a olhar todos os cestos. Nada. Decidi
voltar a fazer todas as compras sempre de olho nos cestos dos outros. Nada. Já
de cesto cheio, voltei a percorrer todos os corredores, sempre espiando cestos.
Nada. Voltei para a caixa e perguntei de novo ao segurança se alguém tinha dado
sinal de se ter enganado. Nada. Paguei e saí.
Esta é uma daquelas situações em que, se persistirmos em
encontrar uma explicação razoável, dado que compras não pagas não podiam
interessar a ninguém, corremos o risco de ficar maluquinhos. O melhor mesmo é
pôr uma pedra no assunto. É o que tenho tentado fazer, mas sem lograr completo
sucesso – volta cá, volta lá, lá estou outra vez a pensar no mistério da cesta
desaparecida.
Resolvi, pois, contá-la, como quem exorciza fantasmas.
É que eu não acredito em bruxas, mas lá que as há, há!