
Nestes
conturbados tempos, há dois crimes de lesa–pátria que ninguém deve ousar
cometer, muito menos nas redes sociais.
Um, é não se
derreter com as megalómanas e apologéticas obras de Joana Vasconcelos; o outro
é não carregar o andor de Nossa Senhora dos Pobrezinhos, ou seja, Santa Isabel
Jonet.
Quem a tal
se abalançar, leva logo pelas trombas com os rótulos de esquerda entre aspas,
mesquinho, ressabiado, bem pensante, enfim, tudo aquilo que os genuínos guardadores
da verdade acham que têm o direito de chamar aos bichos ruins, comuns
criminosos de lesa-senhoras.
Quanto à
Joaninha, espero que continue por muitos anos a sacar dinheiro às empresas e
apoio ao Estado. Sabe viver, e não me pede nem sequer que goste do seu
trabalho, ao contrário dos seus apaniguados. Aprecio isso. Força Joana.
Santa Isabel
vem, duas vezes por ano, pedir comida para os pobres. Claro que alguém tem que
os alimentar, e temos que ser nós. Se as empresas os despedem, se os troikos acham que o salário mínimo por aqui é sumptuário, e se o Estado acha que os nossos enormes impostos não podem
servir para amparar quem tem fome, vamos fazer o quê? Temos que ser nós, é
claro que temos que ser nós.
Não carrego
o andor da santa, não gosto nadinha dela, mas é óbvio que também dei para
aquele peditório. Temos que ser nós, é claro que temos que ser nós. Qual é a
dúvida?
Procurei também não
pensar nos ganhos extra dos supermercados este fim de semana, nem no IVA que a
Maria Luís Albuquerque arrecadou à contra dos famélicos da nossa terra. Meti a
viola no saco, e mais o arroz, o óleo e as salsichas, e fiz o que tinha a fazer.
No Facebook
encontrei a imagem lá de cima e roubei-a. Ontem foi dia da Restauração da
Independência e a mim só me apetecia fazer o que aqueles fizeram há 373 anos –
defenestrar, defenestrar, defenestrar.
Mas isso é
porque eu sou um bicho ruim.
Nota: imagem
roubada no FB à Adriana Bebiano.