- Olhe,
senhor ministro, aqui no sítio, como toda a gente sabe, “a artista sou eu” e eu
quero ajudar a resolver o seu problema; por isso desde já me ofereço para
representar a pátria lá na Bienal e o senhor ministro pode deixar de se
preocupar que eu arranjo os patrocínios e tudo. Só lhe peço que indigite também o Miguel como
comissário do nada, porque ele é um comissário muito lá de casa, sabe, e
gostava.
Como todo o
sítio já pôde observar, tudo em Joana é grande, incluindo o coração de talheres
de plástico, e por isso ela acrescentou palavras vindas do dito:
− E olhe que
ainda lhe faço mais uma atençãozinha, porque vou oferecer à sua mana Catarina a
loja no deck do barquito para ela lá
vender as bugigangas da A Vida portuguesa.
O Ministro
dos Negócios Estrangeiros soltou um suspiro que se ouviu na laguna e fechou o
dossiê, não sem antes agradecer a mais que certa intervenção de Nossa Senhora
de Fátima (este ministro, quando a coisa mete água e barcos agradece-lhe
sempre, desde que em 2003, sendo também ministro, a mesma Senhora nos livrou do
derrame de crude do Prestige, segundo o próprio).
Pessoalmente
acho que, com um final feliz assim, o país inteiro deve agradecer à Senhora de
Fátima mas eu não ficaria bem com a minha consciência se não lhe recomendasse
também muito cuidado e olho vivo.
É que, sendo
ela tão portuguesa, arrisca-se a que a Catarina a meta no cacilheiro e a venda
em Veneza entre vinhos, enchidos, bordados e andorinhas.
Ou que a
Joana a forre com renda de bilros.PS: acho tudo uma vergonha.
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