Não sendo
crente, aquilo lá em Roma não me diz grandemente respeito; daí a possibilidade
de ter um olhar mais desprendido sobre a escolha do novo Papa e respectivos
rituais.
O que eu vi
aparecer à janela do Vaticano foi uma figura que me agradou.
Simples e
sereno, vi ali um alentejano ou beirão, parco em palavras e gestos, certamente
consciente do peso que vai começar a carregar, mas que não aparenta nem temor
nem júbilo excessivos. Como se sentisse, com naturalidade, que “aquilo” lhe
tinha “acontecido”, e pronto.
A esquerda
das redes sociais tratou de vasculhar o seu passado, e de logo se mostrar
desiludida por anteriores declarações contra o aborto, a eutanásia o casamento
gay, ou o uso das drogas leves. Em suma, ficou expressa uma grande desilusão por a
Igreja não eleger alguém com o programa fracturante do Bloco de Esquerda.
Se o
ridículo matasse tinham morrido todos.
Quanto ao
passado político de Bergoglio, só quem não viveu em ditadura pode acreditar que
alguém, com um lugar cimeiro em qualquer hierarquia, pode nele permanecer, em
regime ditatorial, sem meter esqueletos no armário.
Se o Papa
Francisco conseguir sanear a Igreja, defender e confortar a parte mais frágil
do seu rebanho, recusar tentações hegemónicas da fé católica sobre as outras e
evitar meter o bedelho onde não é chamado, já terá cumprido bem o seu papel e
a poderosa marca continuará a ter o sucesso de que goza há mais de 2000 anos.
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