L. F. Céline (1894-1961) era um grandíssimo filho da mãe mas também era um enorme escritor.
“Chegará o tempo de toda a gente
fazer uma cura de modéstia. Na literatura como em tudo o resto. Não há nada a
fazer senão uma tarefa e calarmo-nos.
É tudo. O público presta atenção ou não, lê ou não, e isso é com ele. O autor
só tem de desaparecer”.
Pois bem,
enganou-se: a cura de modéstia nunca chegou, os autores não “desaparecem” finda
a tarefa e, pior ainda, não se calam.
Por um lado,
o marketing obriga-os hoje a uma papagaiada
nunca antes vista para promoverem o livro que está saindo para as livrarias;
por outro, entre amores e ódios, grupos, grupinhos e muito despeito, e salvo
honrosas excepções, apaparicam-se mutuamente enquanto falam, falam, falam.
A Escritaria
de Penafiel, não sei porquê, parece-me um desses lugares de mimo e palração;
este ano a homenageada foi Lídia Jorge.
Digo não sei porquê porque, na verdade, nunca fui
à Escritaria, há muito que deixei de ler a Lídia Jorge e se fui alguma vez a
Penafiel não me lembro. Contudo, vi alguns elucidativos vídeos, entre os quais um
em que se descerrava uma frase da autora homenageada, escrita no chão.
Dizia assim:
“Não há livros de instruções para
salvar a vida. Só a literatura se aproxima desse imenso livro”.
Ó meus
amigos, sei que tenho mau feitio mas, dado o calibre do dito e do pensado, acho
que posso contrapor em modo sportinguista: só eles sabem por
que não ficam em casa.
E, já agora, por que
não se calam.
Muito bom. :)
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