quarta-feira, outubro 08, 2014

Entre Céline e Lídia















L. F. Céline (1894-1961) era um grandíssimo filho da mãe mas também era um enorme escritor.
Numa entrevista à Paris Review, em 1960, ele disse:

“Chegará o tempo de toda a gente fazer uma cura de modéstia. Na literatura como em tudo o resto. Não há nada a fazer senão uma tarefa e calarmo-nos. É tudo. O público presta atenção ou não, lê ou não, e isso é com ele. O autor só tem de desaparecer”.

Pois bem, enganou-se: a cura de modéstia nunca chegou, os autores não “desaparecem” finda a tarefa e, pior ainda, não se calam.

Por um lado, o marketing obriga-os hoje a uma papagaiada nunca antes vista para promoverem o livro que está saindo para as livrarias; por outro, entre amores e ódios, grupos, grupinhos e muito despeito, e salvo honrosas excepções, apaparicam-se mutuamente enquanto falam, falam, falam.

A Escritaria de Penafiel, não sei porquê, parece-me um desses lugares de mimo e palração; este ano a homenageada foi Lídia Jorge.

Digo não sei porquê porque, na verdade, nunca fui à Escritaria, há muito que deixei de ler a Lídia Jorge e se fui alguma vez a Penafiel não me lembro. Contudo, vi alguns elucidativos vídeos, entre os quais um em que se descerrava uma frase da autora homenageada, escrita no chão.

Dizia assim:
“Não há livros de instruções para salvar a vida. Só a literatura se aproxima desse imenso livro”.

Ó meus amigos, sei que tenho mau feitio mas, dado o calibre do dito e do pensado, acho que posso contrapor em modo sportinguista: só eles sabem por que não ficam em casa.
E, já agora, por que não se calam.

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