Uma criança pergunta ao seu avô:
- Porque começas todas as histórias
por “era uma vez”?- Para ter a certeza – disse o avô – de não me enganar nas datas.
(Recolhido por Jean-Claude Carrière)
Em alguns países,
em tempos não muito antigos, entre os castigos mais violentos estava este:
quando algum escravo era apanhado a aprender a ler, era chicoteado dezenas de
vezes. Um castigo muitíssimo severo. Ler era mais grave do que roubar.
Começar a
ler era como começar a preparara a fuga. Começar a preparar a vontade de fuga,
a necessidade de fuga. Eis o mais perigoso. Aprender a ler era como treinar os
músculos da perna da fuga ou como treinar a disparar a arma que ameaçará o
dono.
Eis, pois, o
perigo – o livro. Objecto que era sempre colocado longe dos escravos (como se
fosse uma arma, precisamente).
Aprender a
ler era para levar a sério, era uma forma de contestação. Não era uma atividade
de crianças. Era uma atividade que anunciava um homem forte.
Era, pois,
para começar, uma possível definição de livro: um objecto que tem a potência de
libertar da escravidão.
Gonçalo M.
Tavares
Catálogo da
exposição “Tarefas Infinitas”, FCG,
1012
"Em Marselha,
Stéphane Ravier da Frente Nacional, foi eleito com
votos de magrebinos, a população desprezada pela Frente Nacional."
Público, 31 Março 2014
Aquela belíssima exposição que fui ver contigo e também adorei :)
ResponderEliminarUm beijo, querida
Rute
É verdade, querida sobrinha, uma coisa boa que fizemos juntas. Havemos de nos lembrar de fazer outras mais, certo? Beijo
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