No ano
passado, por esta altura, tive uma gripe.
Uma noite,
já com ela quase a deixar-me, estava eu, como habitualmente, a ler antes de
adormecer, quando ouvi “um passarinho a cantar dentro do peito”, só para dizer
uma coisa assim mais para o poético.
Seguiu-se um
monólogo interior de altíssimo gabarito:
“ Não
faltará muito para teres de escolher entre respirar ou fumar.
Chatice! Mas
nessa altura vais escolher respirar, certo?E se escolhesses já, antes que te mandem? Detestas ser mandada…
Uuummmm, está decidido, amanhã já não fumas.”
E pronto,
foi assim.
Depois de
quarenta anos, já lá vai um ano.Faz amanhã.
Bom
fim-de-semana.
Fez melhor que ALB!
ResponderEliminar"Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
António Lobo Antunes - (Sátira aos HOMENS quando estão com gripe)
Pois fiz, porque sou mulher. Com os homens é como diz o Lobo Antunes , ah, ah!
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