O humor em
Portugal quase sempre foi curto e grosso, isto é, com muito recurso ao palavrão
e ao sexo; o sarcasmo, mas sobretudo a ironia fina, nunca fizeram o nosso género.
O caso mais
recente em que tal se verificou foi o da entrevista que Rodrigo Guedes de
Carvalho deu a uma sua colega depois da exibição do programa dos Gato
Fedorento.
Nessa
entrevista, ele lamenta, com ar sério, a sua participação naquela “parvoíce” e
diz que “foi atraído para uma armadilha”.
Rodrigo
Guedes de Carvalho revela ser, ao contrário da colega que o entrevista, um
excelente actor, respondendo assim a quem o atacou por, supostamente, um
jornalista não poder entrar naquelas brincadeiras.
Contudo, parece
ter sido entendido à letra por uma enormidade de pessoas inteligentes.
O programa
certamente foi preparado durante semanas; o Rodrigo tinha na mão as “deixas”
escritas; a SIC é um canal nacional cheio de profissionais onde as coisas não
vão para o ar ao acaso.
Seria, então,
crível que a SIC deixasse que um seu pivô fosse atraído para uma armadilha? E
seria também crível que mandasse, logo de seguida, alguém fazer-lhe uma
entrevista risonha como acto de contrição?
Não. O único
“pecado” de Rodrigo Guedes de Carvalho foi ser convincente, e usar demasiada
ironia e subtileza para um país que, cheio de pressa, só vê metade, só ouve
metade, só lê metade, e logo tira as suas conclusões.
Que são sempre por inteiro.
A entrevista pode ser vista aqui.
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