Satan Met a Lady,William Dieterle, 1936
Anda por aí agora muito discurso sobre o ódio.
Explicita e implicitamente, este é sempre considerado um sentimento
indigno e impróprio.
Eu, que não sou “zen”, acho que o ódio, como o amor e a paixão, tem
potencial para gerar energias capazes de mudar o mundo.
Acho até que o ódio, quando dirigido contra alvo que o mereça, pode
mudar o mundo para muito melhor.
O amor é lindo, a paixão também, da compaixão nem se fala, mas, por mim,
também sou capaz de me envolver numa relação séria com um sadio e bem estruturado
ódio.
Só não gosto mesmo do ódio ao morto. Quando o destinatário do meu ódio
morre, sinto-me defraudada; é como passar no exame administrativamente, ou
ganhar o jogo por falta de comparência do adversário. Que graça é que isso tem?
No fundo, para odiar bem, exige-se o mesmo que para tudo o mais nesta
vida - ou a gente se empenha, ou não vale a pena.
E pronto. Há muito tempo que não fazia aqui uma reflexão filosófica de
tanta qualidade e tão mentirosa.
Há dias assim – inspirados.
Amamos depressa mas odiamos devagar, terá dito (ou escrito) George Byron, o que faz do ódio o mais duradouro dos prazeres. Não sejamos hipócritas, portanto.
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