Como é
normal, logo apareceram pitonisas aos montes para decifrar a arenga, mas parece
que cada uma ouviu sua coisa e, por isso, não se entenderam muito bem.
Não sou
menos que as outras pitonisas e também tenho cá a minha interpretação “da coisa”,
ou seja, do oráculo.
Este enumerou
os malefícios das eleições se elas não forem como ele as quer.
Exige um
governo de operários do PSD, CDS, e PS que executem o seu próprio programa, mas
só até ao momento que acha adequado, ou seja, daqui por um ano.
O oráculo
reconhece três partidos e ignora todos os outros.
O oráculo
tratou o governo pior que cachorro tinhoso.
O oráculo
continua a ter a língua grande e eu continuo a achar que lha devíamos cortar.
O oráculo
não percebeu que o tempo dele passou porque, no tempo certo, não se deu ao
respeito.
Quando
estudei sobre o oráculo de Delfos, e era uma catraia, aquilo meteu-me medo. A
caverna, a fenda, as fumarolas, as pitonisas que podiam morrer.
Este oráculo
que nos calhou em sorte, o de Belém, é uma caricatura risível do que me metia
medo.
Mas eu acho
que sei o que ele quer: vai querer dizer-nos que teve que escolher alguém de
fora para governar porque os partidos não se entenderam como o país precisa.
Veremos que
tal me saio como pitonisa.
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