Pode haver
mil argumentos que o justifiquem, mas quando eu estava ali na Avenida da
República, frente ao FMI, numa tarde de sol, com mais umas mil pessoas pensei:
- Onde estarão
as dezenas de milhares de desempregados, aqueles sem futuro que são velhos para
trabalhar e novos para a reforma?
- Onde estarão
as dezenas de milhares de jovens que ainda não conseguiram um primeiro emprego?- Onde estarão as dezenas de milhares de trintões que nunca foram mais que precários?
- Onde estarão as dezenas de milhares de reformados a viver uma asfixia mensal?
- Onde estarão os milhares de casais em que ambos estão desempregados?
Não sei. Só
sei que ali não estavam.
Talvez
tivessem ido à praia, que o dia, finalmente, estava bom; ou levaram os meninos
ao parque porque era o dia da criança.
Mas ali não
estavam.
A pergunta
seguinte foi inevitável: e tu, que não vives nenhuma dessas situações, que estás
tu aqui a fazer?
Devo ter
vindo por uma questão de consciência, pensei.
Mas aí a
dita, a consciência, percebeu que estava ofendida com as outras consciências, e
decidiu, ali mesmo, que enquanto não lhe passar a zanga não carrega o esqueleto
para mais nenhuma manifestação.
Moral desta
história imoral:
Não foi por
acaso que, aqui, a ditadura, durou 48 anos.
Foi porque
somos um povo que a tudo se acomoda.
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