terça-feira, março 05, 2013

Livrai-nos, Senhor


Ontem foi conhecido o acórdão do Tribunal da Relação do Porto sobre o processo de desaparecimento de Rui Pedro.

Se na primeira instância Afonso Dias foi considerado inocente, agora foi considerado, pela Relação do Porto, culpado do crime de rapto, e condenado a três anos e meio de cadeia.

O juiz presidente da secção votou vencido, pois entendeu que o crime não seria de rapto mas de abuso sexual de menor.

Toda esta história tresanda, e deixa terríveis dúvidas no espírito de qualquer cidadão que não ache que tenha que se descobrir à força um culpado em cada caso julgado, seja para apaziguar a populaça, seja para mitigar a dor da família.

É a vida dum homem que está em jogo.

Acresce que, se já é estranho que dum tribunal para outro se passe de inocente a culpado com base nos mesmos factos apurados, mais estranho ainda parece que, para o crime de rapto de menor, a pena a aplicar seja de apenas três anos e meio. A mim, nesta circunstância, parece-me muito pouco e nem percebo como a família do Rui Pedro e o seu advogado Sá Fernandes podem achar que “foi feita justiça”.

Este caso, como outros, suscita-me tantas dúvidas que só reforça o que há muito penso − da Justiça portuguesa, livrai-nos Senhor.

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