Temos, por acaso, todos alma de contabilistas?
No sábado éramos muitos, muitos milhares; quem lá esteve sabe. Quem esteve de outras vezes sabe ainda melhor.
Eu sei, e tenho a certeza que o governo também sabe. Isso me basta.
Estávamos, sem
dúvida, mais tristes, mais velhos, mais silenciosos, mas ainda vivos.
Éramos os
milhares que nunca têm compromisso inadiáveis em dia de manifestação.
Os que não
perguntam para que serve uma manifestação, que é a pergunta mais idiota que
conheço.Os que nunca sentem que não serviu para nada só porque o governo não caiu logo no dia seguinte.
Os que, porém, têm a certeza de que ajudaram a abrir o buraco em que ele vai tropeçar.
Os que não são assaltados por dúvidas existenciais sobre a legitimidade de querer derrubar um governo eleito, mesmo se esse governo enganou os eleitores e governa contra eles.
Os que não se deixam ir para o matadouro sem um balido.
Os que resistem ao medo e ao comodismo.
Éramos, tão
só, aqueles anónimos em que o poeta seguramente pensava quando, há muitos anos,
escreveu:
“…há sempre
alguém que resiste, há sempre alguém que diz NÃO”.E somos muitíssimos.
Muitíssimos e de parabéns por não desistirem!
ResponderEliminarbjis, querida amiga