Tinha saudades do Trintignant, e o filme está a ser muito aplaudido.
Devia ter ficado com ciática dez minutos antes de sair de
casa.
Resumindo, pode dizer-se que o filme é bom, mas também o
achei voyeur e às vezes sádico.
O realizador mete-se (nos) em casa dum casal de idosos
(donde não mais saímos) e faz-nos assistir ao colapso dela e à sua lenta perda
de capacidades, humanidade e dignidade; simultaneamente, Georges passa de
marido a devotado cuidador.
Uma história de todos os dias, multiplicada por milhões,
fruto da longevidade característica da época contemporânea.
Ouso dizer que o filme de Haneke é neo-realista, o que não é
aqui um elogio.Sim, eu já vi aquilo, e bem próximo, não preciso que me expliquem, nem que mo mostrem, nem que me aticem um medo que, hoje, é de todos.
Por isso, quando saí, só me apetecia uivar.
Um uivo de tristeza (pela morte) de terror (pelo futuro), de raiva (pelo presente), de dor (pela humanidade), de irritação (com quem se apropria da indignidade da velhice e ainda consegue fazer disso uma obra de arte).
Não invento − eu só queria uivar. E ainda quero.
O filme não é agradável, é mesmo doloroso!
ResponderEliminarMas um filme capaz de a pôr a uivar, temos que reconhecer que é poderoso!