As generalizações são perigosas, como é sabido, mas posso
garantir que, na minha juventude, os homens, pelo menos a maioria deles,
encarnava com gosto a figura do macho latino − durão, engatatão, marialva, dono
da mulher, arrotador de postas de pescada do tipo “lá em casa quem veste as
calças sou eu”.
Nunca apreciei o género, mas reconheço que, apesar de tanta
parvoíce, nos momentos cruciais iam directos ao assunto e resolviam-no,
geralmente dando o corpo ao manifesto, com limpeza e de cara destapada, não sendo
sequer normal o uso de violência.
Vem isto a propósito da condenação dum homem que enviou inúmeros
SMS (só num dia foram 110) ao fulano que lhe assediou a mulher.
Situações destas sempre aconteceram, e os tais durões de
antigamente resolviam-nas com a chamada “conversa de pé de orelha” ou com um “chega
pra lá” em que ficava claro que se tinha tomado conhecimento e que tal não era
admissível para nenhuma das partes – nem para o homem nem para a mulher.
Não deixa de ser estranho para mim que, nos tempos actuais,
quando tantos homens batem nas mulheres, chegando demasiadas vezes a matá-las,
alguns, para resolver uma questão tão comezinha com outro homem, não usem a
orelha, nem o largo peito, nem a cara descoberta, mas apenas as pontinhas dos
dedos nas teclas do telemóvel.
Mudam-se os tempos…
Já há uns tempos que me parece que o género masculino está em crise e muito por causa da pressão social (e das mulheres). Existe desde o início dos anos 80 uma pressão para os suavizar, cujo maior exemplo é a mudança estética, o cuidado com o corpo e a conhecida "cara barbeada" dos anos 90. Também as mulheres mudaram os seus comportamentos para com os homens, abrir a porta do carro passou a ser quase insultuoso, a feminista deixou de gostar de ter almoços grátis e passou a pagar as contas a meias, deixou de querer casar aos 20. No meio disto tudo eles ficaram sem chão, a maior parte das mães continuam a educá-los sem que estes saibam cozer um ovo ou passar a ferro uma camisa. E as namoradas e mulheres não o fazem por eles. Se batem são brutos e neandertais, se mandam sms são muito suaves e não sabem enfrentar problemas. Neste momento são presos por ter cão e presos por não ter. Coitaditos.
ResponderEliminarÉ verdade, Lili, estamos numa fase de transição para os homens e eles perderam o chão. Terão que o encontrar de novo, como as mulheres encontraram o seu (ou tentam).
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