“465 mil desempregados não recebem proteção social há 9 meses”.
Apertou-se-me o estômago, mas pior fiquei quando esmiucei a situação.
É certo que hoje há muitas organizações que asseguram a
alimentação básica, algum vestuário e até ajuda para manuais e material escolar
mas, quem paga a renda da casa ou o empréstimo ao banco, quem
paga a conta da água e da luz, quem compra a aspirina ou o antibiótico para a
criança, quem paga o bilhete de autocarro para ir ao centro de emprego, quem,
enfim, paga essa infinidade de pequenas coisas que nos fazem voar o dinheiro da
carteira por mais despojada que seja a nossa vida?
Essas 465 mil pessoas estão entre nós, discretamente,
silenciosas. A sua sobrevivência é um mistério mas, de certeza, só a conseguem com
base numa enorme teia de solidariedade urdida sobretudo na família, mas às
vezes também nos vizinhos e amigos.
Somos bons nisso. Mas tenho vergonha daquilo.
Estivemos orgulhosamente sós, Estamos orgulhosamente a ser silenciados, envergonhados. A pequenez com que a falta de emprego nos premeia, por todos os ridículos valores em que fomos sendo embrenhados ao longo dos anos, leva milhares a um silêncio, absolutamente, depressivo. Aos poucos pagaremos estes silêncios que não sei se a estrutura familiar absorve. Tenho sérias dúvidas se assim é. Interrogo-me, no entanto, consigo. Onde andam eles?
ResponderEliminarQue nos escapa a nós, privilegiados com emprego?
Tenho asco a quem permite que estas situações possam sequer existir!
ResponderEliminarBeijinhos,
Este Verão o meu carro foi assaltado e o de uma amiga também, perdoaria se soubesse que foram desempregados que o fizeram mas sei que não. Quem teve emprego e o perdeu não passa ao pequeno delito, sofre silenciosamente. A revolta é ainda maior quando penso que o 1º ministro falou nisso como uma oportunidade! Não é verdade, a maior parte não tem horizonte nenhum, a mais pequena ideia do que fazer.
ResponderEliminarE ninguém está hoje totalmente seguro, ninguém!
~CC~
É extremamente dramático. Conheço uma família que teve de deixar de ter água em casa (apenas podiam pagar a conta da luz por causa dos alimentos no frigorífico) e passou a ir buscar o precioso líquido a uma fonte na vila onde vivem. Todos os dias são muitas viagens até à fonte. Isto envergonha-me, choca-me e mete-me medo.
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