É do conhecimento geral que a doença se caracteriza por
períodos de euforia e períodos de depressão, ou seja, há dias em que o doente
assobia na rua e outros em que se mete na cama com a cabeça tapada, podendo a
passagem de um estado ao outro ser bastante rápida.
Eu acho que o colectivo dos portugueses padece deste mal.
Ora somos os maiores, ora nos achamos abaixo de cão. Basta ver a facilidade com
que, por aqui, qualquer um passa de bstial a besta. Esta sintomatologia também
se revela quando elegemos governos. Uns são eufóricos, e outros deprimidos.
O governo de Sócrates era um claro exemplo da primeira fase
− pensamento positivo e em grande; ainda me lembro muito bem de o ouvir na
televisão a afirmar poucos dias antes de chamar os troikos: “Portugal tem
dinheiro, nós não precisamos de pedir ajuda externa”. Fase eufórica, portanto.
Seguiu-se o governo de Passos e passámos à segunda fase, a
da depressão.
Começou por nos mandar empobrecer, depois mandou os nossos
filhos emigrar e agora, mais recentemente, mandou que nos habituássemos a viver
com elevada taxa de desemprego. Fase depressiva, óbvio.
Parece que esta doença, que já teve tantos nomes, é
incurável, mas o doente pode ter uma vida estável se tomar, sem falhas, a sua
dose diária de lítio (não sei se é a mesma coisa que se usa nas pilhas
Duracell), mas sei que é lítio.
O que pergunto é se não haverá por aí quem abra a bocarra
deste país e deite lá para dentro a dose certa de lítio, a ver se conseguimos
fazer a nossa vidinha sem ataques de euforia nem de depressão? E pode ser mesmo
um genérico, que sempre é mais barato, uma vez que comer pilhas deve ser
indigesto.
É que esta doença não mata, mas é muito difícil de aturar.
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