É jornalismo de primeira, e eu gosto. Se faço este aviso é porque, no fim, pode já não se perceber isso muito bem, as conversas são como as cerejas e tal.
Acontece que eu também tenho uma costela masoquista, e
assumo que todas as semanas leio gente que, sei-o antecipadamente, me vai
deixar mal disposta.
É o caso de Henrique Raposo, rapaz endiabrado, cheio de “graça”
e certezas.
As suas crónicas provam à saciedade que não é preciso ter
berço para alinhar na direita parva; quando o assunto recai sobre a sua humilde
família de origem, todo ele é doçura e ternura e sei lá, quase me comovo;
quando fala do país oferece-nos uma taça de cinismo a boiar em graçola
arrapazada.
Esta semana, escrevendo sobre o mesmo assunto que Pedro Santos Gurreiro, atira-se, mas a brincar, é sempre a brincar, a
quem se indignou com a história Pingo Doce.
Esquerda caviar,
diz, (como agora a direita gosta de dizer), que acharia normal uma fila para
comprar um brinquedo da Apple, mas no fundo não suporta o povinho que só quer
consumir barato.
Povinho esperto, o nosso. Os caviar, que por aqui também andam, é que são do piorio. Se, ao
menos, o Raposo soubesse argumentar! Mas a única coisa que ele sabe é usar uma
prosa chocarreira que deve achar de grande qualidade.
A minha costela masoquista, porém, não desgruda. Todas as
semanas o leio e todas as semanas, quando acabo, só me apetece dizer-lhe:
Ó Henrique, vai-te catar.E para a semana há mais.
Quando o li pela segunda vez reparei que sou uma pessoa distraída. Desde esse dia nunca mais comprei o Expresso. Há para aí uns dois anos (ou mais).
ResponderEliminarEstá visto que o Vitor não tem uma costela masoquista :)
ResponderEliminarEu consigo desistir de ler os que me irritam!
ResponderEliminar