Michael Biberstein, artista nascido na Suíça mas que vive em Portugal desde o final da década 1970.
Quando Michael entrava de manhã no ateliê sentava-se
longamente diante da tela e observava o trabalho já feito.
O grande silêncio, a grande solidão do artista.Do seu trabalho resultam telas que nos convidam também ao silêncio e onde, se nelas nos detivermos, podemos encontrar o sublime.
No Atual do Expresso de 3 de Março, Siza Vieira dizia:
"o nada, o
aparente nada, às vezes é o mais importante, mas existe uma doença
contemporânea muito grave que é o horror ao vazio.O vazio, tal como o silêncio, provoca medo. Isso é algo de muito contemporâneo".
Rodeados que estamos de ruído visual e auditivo, escolhemos
demasiadas vezes a fuga para a frente, para dentro dele, na esperança vã de
fugir à grande solidão que a sociedade contemporânea toma por um grande mal, se
não mesmo como um sinal de desadaptação.
Porém, a solidão, o vazio e o silêncio são as vias para a
criação, o conhecimento de si, as descobertas, e o apaziguamento face a uma
realidade cada vez mais dura.
Não se pode fugir do real, mas a forma como o encaramos e
nos encaramos (e aos outros por arrasto) pode constituir mudança significativa.
Encontrar momentos de fuga do ruído, de todos os ruídos,
ouvir o silêncio, morder o vazio, viver a solidão, continuam a ser actos
decisivos e fundadores da nossa vivência para além dos ossos, dos músculos e
das vísceras.
Seja isso o que for; a cada um, sua verdade. Ou dúvida.Nota: na imagem, foto de tela de Michael Biberstein
A natureza tem horror ao vácuo/vazio e preenche-o.
ResponderEliminarNós, como racionais, devíamos permitir a sua existência como um espaço de criação.
Beijos