Podemos não cumprimentar o vizinho, sujar o espaço público com o talão do multibanco e os dejetos do nosso cão, estacionar ocupando o lugar de três carros, não devolver chamadas telefónicas feitas, faltar aos compromissos assumidos e nem dizer água vai, soltar as crianças nos restaurantes como se estivessem no parque infantil, “atropelar” o idoso lento que vai à nossa frente, conduzir como assassinos, mas não podemos criticar ninguém, exceto os políticos.
Também não temos o hábito de louvar ninguém, exceto os jogadores de futebol.
Para nós, na maioria das vezes, crítica é sinónimo de ofensa, contundência é má-educação, da polémica fugimos como o diabo foge da cruz, e se ousássemos a antiga “bengalada” alguém ligaria para o 112.
Entendemos o democrático direito à opinião duma maneira beata, e expressar com veemência o desacordo é considerado impertinência de mau-gosto, se não mesmo injúria.
Mas isso é só o que se vê à superfície, o que gostamos de mostrar.
No fundo, continuamos a gostar de tourada, arena e sangue, mas na bancada. É de lá que gostamos de aplaudir aquelas almas simples que se dispõem a espetar as bandarilhas do nosso contentamento.
Respeitinho e dissimulação. Assim fomos moldados por 48 anos de ditadura, e assim continuamos.
Acredito que um dia passará. Mas leva tempo.Nota: este post surge, não como resposta mas como reflexão, sobre a caixa de comentário do post abaixo
Também vivi esses tempos de ditadura por isso prezo tanto a liberdade de crítica, tanto como a de elogio!
ResponderEliminarAliás tento mais ver a vida pelo lado do sorriso, que pela sua face amarga!
Mas que no geral somos arrogantemente "selfish".... tenho que concordar contigo.
Beijinhos.