Sendo uma adaptação duma peça de teatro, há nele, de facto, qualquer coisa de teatral, o que não me impede de o achar um filme belíssimo, denso e inquietante.
Da direcção de actores à reconstituição de ambientes da Belle Époque, da luz aos figurinos (ai os vestidos brancos da Keira Knightley) dos diálogos às interpretações, tudo tem o charme discreto da perfeição.
Se o filme parece plácido, é puro engano. Por baixo da aparência fervilha o mundo das contradições e pulsões do ser humano, nas pessoas de dois homens que a partir do início do século XX influenciaram de maneira drástica a forma de ver as pessoas, a sociedade, a religião, o sexo, as perturbações mentais – Sigmund Freud e Carl Jung.
Estes dois homens, que criam uma amizade e sintonia de pensamento que, aos poucos, se vai esboroando, são encarnados na tela por dois actores, Viggo Mortensen e Michael Fassbender, que nunca se afastam da excelência no seu trabalho. Já Keira Knightley, no papel de Sabina Spielrein, fica muito lá para trás como, subjectiva opinião minha, é claro, sempre acontece.
(Ela parece não saber o que fazer com tanto maxilar inferior).
Há quem goste, e quem saia desiludido. Para mim, é um dos grandes filmes do ano. Mas eu não sou Cronenbergiana, já disse.
Também gostei muito!
ResponderEliminar~CC~