Dantes isto, dantes aquilo, agora assim e agora assado, ficando o agora sempre muito mal na fotografia.
É certo que em tempo de crise e com fracas perspectivas de futuro há mais tendência para olhar para o passado, e também é certo que o país vive não só a crise económica e financeira mas também uma crise moral e dos chamados valores.
Daí até glorificar o passado como se ele tivesse sido uma orgia (sem pecado) de bem-estar e sapiência e hoje estivéssemos rodeados apenas de mediocridade, vai uma distância que não quero percorrer.
Não, não vou por aí, até porque acho que o presente, apesar de tudo, é infinitamente melhor que o passado que conheci.
Vem isto a propósito da recorrente cantilena - os portugueses não lêem.
Como frequentadora de livrarias, quando lá vou tenho sempre vontade (mas só vontade) de trazer uma meia dúzia de livros novos (ou reeditados)Segundo os dados da APEL, em 2010 publicaram-se 17 329 livros e outras publicações não periódicas, e a mim parece-me que se publica muitíssimo para um país que, como se diz, não lê.
Se ninguém os lê, então para que se publicam? É para dar uso à guilhotina? As editoras nascem especificamente para perderem dinheiro?
E porque se meteu Paes do Amaral no mundo da edição com a sua Leya e Paulo Teixeira Pinto com a sua Babel? É para estafarem o seu dinheirinho? É por amor desinteressado à cultura? Não me parece.
Acho que se lê, sim, e estou a falar só de livros, porque quem mo diz é o sempiterno MERCADO.
Podia ler-se mais e melhor? Podia, e era desejável.Mas, por acaso, nem mais nem melhor são o contrário de nada.
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