segunda-feira, novembro 28, 2011

Classificados estamos

 

Chegou ontem, finalmente, a esperada notícia – o fado foi classificado como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
Uff, que alívio, aquilo nunca mais se despachava.

Não sendo apreciadora de fado, reconheço que oiço com agrado a voz poderosa, limpa e bem modulada de Amália quando, por acaso, subo a Rua do Carmo numa manhã clara e calma de verão. Há ali qualquer coisa que me vem de longe e a que não sou alheia.
Contudo, fado vadio, fado canalha, era outra coisa, pertença do povo antigo que já não tem lugar à mesa do Portugal modernaço. Agora é limpinho, cheirosinho e “beto”.

No dia 25 de Novembro (6ª feira passada), comemorou-se o 25º aniversário da classificação do Centro Histórico de Évora como Património da Humanidade.
Fruto do entusiasmo, visão estratégica, capacidade política e empenho do presidente, vereação e técnicos que ao tempo dirigiam a autarquia, foi possível conseguir essa classificação, reconhecimento bem raro nos idos de 80 em Portugal.

O mais extraordinário é que a candidatura quase não teve custos, visto que tudo foi feito com a “prata da casa”, ou seja, os técnicos da autarquia; ainda não tinham chegado os nossos tempos de novo-riquismo em que tudo se encomenda fora, como quando não apetece ou não se sabe cozinhar (e nem se quer aprender) e se come sempre fora; caso esteja a chover, manda-se vir.

Dá que pensar o que farão hoje tantos técnicos dentro das câmaras, se tudo o que é estudo, projecto ou parecer se encomenda no exterior.
É por isso que, há 25 anos, a classificação do Centro Histórico Évora custou quase nada (pouco mais que a deslocação à cidade de duas delegações do ICOMOS), e a classificação do fado custou 1,5 milhões de euros.
Mudam-se os tempos…

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