Ana Markl escreve no Atual do Expresso de 22 de Abril uma interessantíssima crónica sobre o “escarafunchanço” nas feridas (suponho que amorosas) que algumas músicas ajudam a fazer. Conta, ligeiramente, como em cada idade se escarafuncha na dita, fala de crostas que se metem na boca, de facas para rodar na ferida, de sacos de confetes (?) que nos hão de cair em cima, do mail dum amigo especialista nessa arte (do escarafunchanço, claro), etc.
Aquilo é uma prosa magnífica a servir um conteúdo que não está ao alcance de todas as cabecitas – o escarafunchanço.
Talvez por isso eu não tenha percebido nada à primeira leitura mas, como sou uma burra teimosa, como todas as burras, suponho, resolvi fazer uma segunda (e penosa) leitura.
Com esforço acho que cheguei lá, e concluí que aquilo devia ter muita filosofia – de Platão a Immanuel Kant, passando por Nietzsche e Heidegger, e que eu é que não estou preparada para tais leituras.
Devem ser coisas que só os mais novos entendem, aqueles a quem a escola recente dá sólida formação em filosofia, que inclui, certamente, o escarafunchanço. Eu estou out.
O que me parece é que esses mais novos não leem, e muito menos compram, jornais. Daí a minha inquietação por também não perceber os critérios editoriais do Expresso para o seu suplemento cultural.
Eu bem escarafuncho, mas não entendo, e fico cada vez mais perplexa, embora esteja completamente encantada com a beleza dessa palavra da lingua portuguesa em boa hora escolhida por Ana Markl - ESCARAFUNCHANÇO. É lindo!
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