Se Colin Firth merecia o Óscar de melhor actor não posso avaliar, porque não vi os outros. Gostei daquele rei que ele compôs - bem-apessoado, contido, angustiado e gago. Justo será dizer que talvez a sua interpretação não tivesse o mesmo brilho se não tivesse a excelente réplica de Geoffrey Rush.
“O Discurso do Rei” ganhou e eu fiquei a pensar na enorme e comovente ternura que Hollywood demonstra por todas as deficiências. Assim de repente lembro-me de:
"Rain Man", 1988 (melhor filme)
Dustin Hoffman (melhor actor, no papel dum autista)
"Filhos de Um Deus Menor", 1987 (melhor filme)
Marlee Matlin (melhor actriz, no papel de surda)
"Forrest Gump", 1995 (melhor filme)
Tom Hanks (melhor actor, no papel de retardado mental)
"Uma Mente Brilhante", 2002 (melhor filme)
Russell Crowe (não ganhou, no papel de esquizofrénico, se calhar porque tinha ganho no ano anterior com “Gladiador”)
Este ano aí está:
“O Discurso do Rei” (melhor filme)
Colin Firth (melhor actor, no papel de gago).
Para além desta imensa e pungente tendência para acarinhar a deficiência, parece que, em Hollywood, se um actor ou actriz conseguir compor bem o “boneco” dum surdo, retardado, autista, esquizofrénico ou gago, tem o Óscar, garantidamente, na palminha da mão.
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