“O senhor Armando Vara entrou aí como qualquer utente e passou à frente de toda a gente. Entrou no gabinete da médica sem avisar e sem que a médica percebesse que não estava na sua vez. Foi uma situação de abuso absolutamente inconfundível”. Declarações da directora do centro de saúde de Alvalade, Manuela Peleteiro
O INEM assistia de emergência uma idosa com suspeitas de estar a sofrer um enfarte no interior sua casa, na Rua da Quintinha, enquanto a ambulância aguardava para a transportar ao hospital. Como é norma o veículo fica ligado a assinalar a urgência enquanto os técnicos do INEM socorrem a vítima.
Enquanto a idosa era assistida, um elemento da PSP, que faz a segurança do ministro Alberto Martins, ordenou que a ambulância fosse retirada do local para o carro do ministro, que mora perto, passar. A viatura ao serviço de Alberto Martins ia buscar o ministro a casa.
O caminho que a governação tomou nos últimos tempos deixou o país zangado, com um profundo sentimento de injustiça e uma enorme desesperança. Além disso, os portugueses já perceberam que o trabalho político é bastante sujo, ou melhor dizendo, que os políticos sujam bastante o seu trabalho.
Neste contexto, as pequenas tropelias, com as acima contadas, ajudam, e muito, a minar ainda mais o clima e a opinião que as pessoas, em geral, têm da classe.
Na internet, como na mercearia da esquina, o que se diz é cada vez mais demolidor e até já corre por aí um panfleto digital a pedir um milhão na avenida contra os políticos, indiscriminadamente.
Ora, sem políticos não há democracia, mas uma boa parte dos portugueses não entende isto, e até talvez ache que não é importante – nem a democracia nem os políticos. As pessoas estão sedentas de alguma demonstração de decência por parte de quem as governa e, na sua ausência, e com a vida cada vez mais difícil, aumentam a sua sanha contra os chamados “ricos e poderosos” entre os quais incluem os políticos.
Quem entende que os políticos são peças fundamentais da democracia não deve ficar calado nem deixar que o desespero e o ódio primário se apoderem da opinião pública, porque o clima que actualmente vigora é demasiado perigoso para o regime.
Mas, convenhamos, fica cada vez mais difícil defender, em abstrato, uma classe que, em concreto, faz tudo para ficar indefensável.
Mas, convenhamos, fica cada vez mais difícil defender, em abstrato, uma classe que, em concreto, faz tudo para ficar indefensável.
Muito, mesmo muito bom!!!
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