Mostrar mensagens com a etiqueta Europa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Europa. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, maio 13, 2011

Velha e matreira

Eu costumava achar que a Europa era a melhor parte do mundo para se viver, apesar de lhe reconhecer manhas de velha senhora interesseira e manipuladora.
Começo agora a achar que a senhora perdeu toda a vergonha, e, para além de se esforçar por desunir a família e ficar sentada a ver a casa arder, tornou-se ainda mais exímia e refinada na arte da duplicidade. Parece já não ser uma senhora mas apenas uma velha meretriz a soldo. É só ler esta notícia do ionline

Sanções da UE à Síria excluem presidente.

A lista dos nomes do regime sírio que serão alvos de sanções pela União Europeia foi ontem divulgada, em Bruxelas, e exclui o presidente do país, Bashar al-Assad. Sob condição de anonimato, um diplomata disse à AFP que "não há consenso sobre se Assad virá a ser incluído" na lista, composta por 13 nomes de nomes importantes do regime sírio, entre elas um irmão e um primo do líder sírio.
(continua)

quarta-feira, maio 11, 2011

Café Portugal

Quando eu era bem menina, havia na minha terra um grande café chamado Café Portugal. Parava por lá um sujeito, todo o dia e toda a noite sentado na mesma mesa, por quem o meu pai nutria uma óbvia antipatia. Um dia, mais crescidota, perguntei-lhe porque não gostava daquele senhor. Explicou-me que era um agiota, e explicou o que isso era, ou seja, que era um senhor que vivia de emprestar dinheiro a quem tinha dificuldades com juros usurários (também explicou o que isso era).
Ontem, quando percebi que taxa de juro vamos ter de pagar à Europa pelo EMPRÉSTIMO que nos faz, percebi que também ela veio para se sentar à mesa do café Portugal.

terça-feira, abril 19, 2011

Inferno é a família

Afinal, parece que o FMI é bom rapaz e quer que Portugal pague o empréstimo com juros menos agiotas e num prazo mais alargado.
Ao contrário, os nossos irmãos europeus querem que o castigo nos fique de emenda – juros altos e prazo curto.
Estes nossos manos à força parecem acreditar na teoria do karma, ou seja, que o Além pôr aqui nove milhões de almas de castigo por erros de vidas passadas. Eles sentem que devem, e podem, ser os impolutos executores das penas
Se é para ter irmãos assim, antes quero ser filha única, e até o fratricídio já me parece uma questão a ponderar.
E se a nossa etérea mãe Europa morrer, acho que nem luto ponho.

quinta-feira, março 10, 2011

Homens da Luta

Há anos que não via o Festival da Canção mas, este ano, fui ouvindo. Não vou, sequer, usar adjetivos. O festival teve os seus tempos de glória antes do 25 de Abril mas, hoje em dia, não passa da apoteose da dissonância mal-amanhada. Em termos europeus, tornou-se uma festa de adolescentes retardados em que vizinhos fazem declarações de amor aos vizinhos, sobretudo os europeus de leste. Chega a ser patético de tão despudorado.
A canção que ganhou este ano, e que tanta celeuma está a levantar, não sei se voluntária ou involuntariamente não podia representar melhor aquilo que hoje em dia domina o país – mau gosto, mediocridade, alarvidade, mas também um grande desejo de contestar.
A canção apenas é tão má como todas as outras, mas o voto do público foi político.
Espanta-me, porém, que alguns intelectuais estejam tão incomodados e possam até dizer, como ouvi Miguel Sousa Tavares na SIC, que não se percebe como se vai cantar esta canção para uma plateia de alemães de cujo dinheiro precisamos. É verdade que precisamos, mas também é bom ir sempre recordando que a Alemanha já precisou muito do dinheiro dos outros pelo menos em duas ocasiões – para se levantar dos escombros da 2ª Guerra Mundial e para fazer a sua reunificação.
Ora, se já custa um bocado ver Sócrates ir ao beija-mão da Merkel, que não representa a Europa mas manda na Europa, a mim custa-me ainda mais ver e ouvir alguns intelectuais, que se gabam de ser espíritos livres e democráticos, achando que nos temos de autocensurar diante dos alemães. Isso sim, é coisa que até dá pele de galinha.
No fundo, no fundo, toda a gente acha que a contestação a sério pode estar aí a chegar e há muitos que, só de pensar nisso, tremem de medo.
Estão bem na vida, acham que o país está mal, não gostam de pagar tantos impostos mas gostam ainda menos da perspectiva de o “povo sair à rua num dia assim”.
Estou convencida que nada de sério ou grave vai acontecer mas, que eles estão com medo, lá isso estão. E, se a subserviência é sempre uma coisa muito triste de se ver, vinda de quem se "vende" como livre e independente é, não só triste, como confrangedora.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Eles querem tudo


Maria João Rodrigues, ex-ministra de António Guterres e conselheira económica da União Europeia, parece ter o perfil de quem não pode ser anti-Alemanha, e por isso as suas palavras são insuspeitas.
No dia 21 de Fevereiro deu uma entrevista ao Público, da qual retiro um excerto para se perceber melhor o que a Alemanha quer e não quer com o pacto de competitividade que propõe.
“ O pacto, tal como está a ser proposto pela Alemanha, pode gerar uma dinâmica de desequilíbrios na Europa. se se continuar a insistir que só temos que convergir em matéria de défice, dívida e custos unitários de produção, vamos ter uma Europa com países a crescerem 3 por cento e outros em recessão.
(…)
Do mesmo modo que se pede um esforço aos países que têm um défice externo, tem de se pedir aos que têm superavit que expandam a sua procura, de modo a absorver a oferta daqueles países. Não faz sentido pedir à Alemanha que seja menos competitiva. Mas faz sentido pedir-lhe que consuma mais e aumente mais os salários.
No pacto, a Alemanha propõe ainda um reconhecimento das qualificações para promover a mobilidade. Estou a favor desse ponto, mas é preciso reconhecer que ele tem um risco. Tal como está desenhado, este pacto vai induzir riscos de recessão e desemprego em alguns países. Ora, esse reconhecimento das qualificações visa criar a possibilidade de os desempregados portugueses irem para onde há oferta de emprego. Levado ao extremo, isso pode traduzir-se numa fuga de cérebros de regiões em recessão em direção à Alemanha”.

Ou seja, Frau Merkel quer que a gente se dane, quer continuar a sua política de Tio Patinhas e ainda quer levar os nossos engenheiros, arquitectos e informáticos cuja formação nós pagámos.
Eu gosto muito desta senhora, tanto... que gostava que ela se dedicasse à jardinagem!

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Se ele diz...


Sócrates disse no sábado, com a ênfase que lhe conhecemos e aquela mãozinha direita a saltitar para cima e para baixo, "Pois não haverá despedimentos na função pública e o Governo fará o seu dever pondo as contas públicas em ordem sem recorrer a essa agenda liberal de despedir pessoas na Administração Pública",
Quando Sócrates afirma, peremptório, que não fará, o mais certo é vir a fazer.
Talvez ele nem queira mesmo fazer o que faz, talvez ele se queira convencer, e a nós com ele, de que ainda manda alguma coisa, mas o facto é que não manda nada.
Sócrates fará o que Frau Merkel quiser. Se ela lhe disser para despedir, ele despede, se lhe mandar que dance o vira, ele dança, e se lhe ordenar que dispa as calças, ele despe.
Com uma mão à frente e outra atrás, mais não nos resta que sermos todos alemães à força, para o melhor e para o pior.
O pior vai chegar de certeza; quanto ao melhor, não sabemos se algum dia chegará.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

23 de Fevereiro 1981


Especialmente para quem vai viajar para Espanha (mas não só) deixo aqui a recomendação para a leitura deste comentário de Rui Bebiano no seu blogue A Terceira Noite.
23 de Fevereiro de 1981 foi O DIA para a jovem democracia espanhola. Os portugueses agarraram-se à televisão (só havia a RTP), cientes de que o que lá se passava também nos dizia respeito.
Estão quase a completar-se 30 anos sobre os acontecimentos; parece que foi ontem, parece que foi há uma eternidade.
Parece também ser um dado adquirido que não se constrói o futuro sem conhecer o passado, e por isso recomendo a leitura; aos mais novos, por razões óbvias, e aos mais velhos para relembrar, o que é sempre útil.

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Um mistério chamado Estónia


O senhor Ligi, ministro das finanças da Estónia, também veio dar lições ao nosso Teixeira dos Santos. Infelizmente, estes “professores” parecem clonados; todos dizem a mesma coisa e quem ouviu um já ouviu todos.
Discursa ele assim: "todos os países, incluindo Portugal, têm de fazer o trabalho de casa"
O ministro das Finanças recordou as (medidas) que implementou na Estónia, em 2008/2009: "cortámos as despesas, os salários, o investimento, aumentámos a idade da reforma e os impostos, fizemos tudo o que fosse necessário" (in Económico online)
Ora, a Estónia entrou na EU em 2004 e no Euro a 1 de Janeiro deste ano.
Eu estive na Estónia em 1999 e por toda a parte se via uma avassaladora fúria de recuperação do centro histórico de Tallinn. Não era coisa de fachada, eram profundas recuperações, e, vistos de cima, os telhados da cidade eram praticamente todos novos.
Porém, quando perguntámos a uma jovem mulher, no mercado de rua, o que devíamos comer que fosse tradicional da Estónia, respondeu que não sabia porque só comiam batatas.
Resumindo: parecia haver muito dinheiro mas o povo comia mal e não percebi muito bem o que se estava ali a passar.
Com as medidas aplicadas em 2009, o desemprego, em 2010, subiu para 17,5%. O que será que comem agora?
Contudo, o senhor Ligi está tão confiante a debitar a receita do costume que eu desconfio que conseguiu fazer a quadratura do círculo, e que deve governar um povo muito feliz (sobretudo por o ter como governante).

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Luxo


Leio no Expresso de 29 de Janeiro que, em 2010, a leiloeira Christie’s facturou 3,8 mil milhões de euros, o valor mais alto de sempre.
Leio também que o grupo LVMH, que detém várias marcas de luxo que vão do champanhe àquelas malas pirosíssimas Louis Vuitton, facturou, em 2009, 17,5 mil milhões de euros. Por seu lado, a Hermès, empresa ainda familiar que fabrica aquelas malas lindíssimas com um preço mínimo de €3800, vendeu, também em 2009, 1,9 mil milhões de euros
Em Outubro de 2010 a loja Louis Vuitton em Paris começou a fechar uma hora mais cedo porque corria o risco de não ter nada para vender no Natal.
Ao ler estas notícias, lá nos assalta de novo a indignação por, no meio de tamanha crise, quando se perderam 30 milhões de postos de trabalho só em 2010, os que nos habituámos a ver como rico, depois de nos terem metido no buraco, são cada vez mais ricos.
É verdade, mas não é toda a verdade. O mais interessante de perceber é que o eixo do dinheiro deslocou-se, talvez definitivamente.
Os grandes compradores destas marcas de luxo são príncipes e princesas árabes mais a sua enorme parentela, magnatas russos com fortunas filhas de pai e incógnito, empresários chineses devotos do capitalismo do século XIX e brasileiros ricos que, malgré Lula, ficaram ainda mais ricos.
Se eles apenas comprassem malas e lenços de seda não seria grande a preocupação. O pior e que eles compram empresas, bancos e dívidas soberanas (aquelas do mercado secundário e primário, e mais não sei o quê, coisas que não são para o povão perceber).
É sabido que quem paga manda, o que me faz desconfiar que um dia acordaremos a viver no modelo social chinês sem termos percebido, nem muito nem pouco, o que nos aconteceu.
Abre o olho Europa!