O que é que tem o Zé? O que é que o Zé não tem? Por que odeiam o Zé? Por que “chicoteiam” o Zé?
Da direita à
esquerda, dos respeitáveis comentadores à populaça das redes sociais, é tudo ao
despique a ver quem mais açoita o José Sá Fernandes.
Escreve-se que
é um desgraçado, um parasita, um ignorante, um autocrata, que estará, quiçá, ao
serviço de interesses ocultos. É tal o desbragamento de discursos, até em
pessoas geralmente sensatas, tanta a antipatia bolçada, quando não mesmo uma
clara exposição de ódio figadal, que somos levados a acreditar que o Zé não
passa dum meliante que devia era estar na cadeia.
Ora, por
toda a parte leio que Lisboa está na moda.
As revistas,
jornais e sites de turismo
desfazem-se em elogios e boas classificações que as redes sociais, com orgulho,
tratam de amplificar.
Lisboa soube
criar os meios para alcançar a fama e tem, decerto, colhido o proveito em
termos de receitas turísticas.
As melhorias
realizadas na cidade nos últimos anos serão fruto do pensamento, vontade e
trabalho de muita gente, entre a qual está, não duvido, o vereador José Sá
Fernandes com o pelouro de espaços verdes e espaços públicos. Donde, a sua
contribuição para este sucesso não será despicienda, creio.
Então, o que
é que tem o Zé? O que é que o Zé não tem? Por que odeiam o Zé? Por que
“chicoteiam” o Zé? Por que é que o Zé é o patinho feio de Lisboa?
Se calhar o
Zé é antipático, não sei, e lá terá as suas coisas, como toda a gente, pode até
ser um agente infiltrado, quem sabe, mas a sanha gerada por ter dito que não ia
recuperar os brasões das ex-colónias nos jardins da Praça do Império é
insensata, peçonhenta e desproporcionada.
Por cá, há
um dogma de raízes fundas − o património não se discute; no património não se
mexe, mesmo que seja um património floral passível de se fazer, desfazer e
refazer. Muito menos se discute o que é o património. Ou se procura distinguir
o passado preservável do descartável.
Ficamos
contentes só de bater no Zé.
Porque a
imprensa não gosta do Zé. E o resto da malta, sendo assim, também não gosta do
Zé.
O que, aqui chegada,
me aumenta o desconforto é a doçura mansa com que, por contraste, outros
políticos continuam a ser tratados, quer pela imprensa quer pela malta.
Refiro-me,
especificamente, ao decano dos tunantes da política portuguesa – Paulo Portas.
Este, para
além de ser figura de proa da comissão liquidatária que há três anos arrasa todo
o nosso património, não só o físico mas também o social, o moral e o cultural, tem
no seu passado e no seu presente políticos muitas coisas que conviria apurar.
Porém, sobre
ele, nada!
Já me convenci
de que, por mais comissões daqui e de acolá que haja, nunca assistirei à ida do
“submarino ao fundo”.
Para compensar,
e porque nem tudo no jornalismo é omissão, poderei sempre continuar a assistir
ao apedrejamento do Zé, ainda mais agora que o malandro anda a dar
cabo das flores.
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