Sobre “a
família militar”, os do “contra” construíam uma caricatura a traço muito grosso,
ou uma narrativa, se se preferir, em que, enquanto o pai oficial cumpria
comissões de serviço nas colónias (eles diziam ultramar), a mãe integrava o
Movimento Nacional Feminino, a filha frequentava o Instituto de Odivelas e o
filho engravidava a criada.
O Instituto
de Odivelas é uma vetusta instituição nacional – escola feminina para filhas
das tropas, criada em 1900.
Às alunas,
mais conhecidas por meninas de Odivelas,
ensinava-se a fechar as pernas, isto é, a sentarem-se com decoro, bem como
variadas artes do lar, conversa de sala, e ainda as matérias do curso dos
liceus.
Mais tarde,
era frequente as meninas acasalarem com o Colégio Militar.
Algumas
meninas de Odivelas, chegadas cá fora, parecia que nem tinham ido à escola, ou
que tinham tido amnésia, o que deu origem, naquele tempo, a pelo menos uma
cançoneta muito, muito brejeira.
Coisas da
luta de classes.
Este
instituto, que de progressista nada tinha, sobreviveu ao 25 de Abril, ao PREC,
ao apagamento do papel dos militares na sociedade portuguesa, em suma,
sobreviveu a tudo, menos ao governo mais direitista que tivemos em democracia.
Vai morrer
às mãos de Passos, Aguiar Branco e Crato.
Quem diria?
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